AQUECIMENTO GLOBAL INVERTE O CLIMA NO PLANETA.
Aquecimento global faz aumentar gelo marinho no Polo Sul
Enquanto a banquisa (gelo marinho) recua a olhos vistos no Polo Norte, o aquecimento global tem feito esta massa congelada se expandir sobre o mar no Polo Sul, uma possível consequência do derretimento acelerado do gelo que cobre o continente, revelou um estudo holandês publicado no domingo.
Segundo a pesquisa, publicada na revista Nature Geoscience, a água doce resultante do derretimento das "línguas de gelo" que fazem a calota continental se estender sobre o oceano, se acumula em uma área mais fria nas águas superficiais, favorecendo a formação do gelo marinho. A aceleração do derretimento das "línguas de gelo" com o aquecimento global explicaria, assim, o aumento das banquisa no entorno do continente antártico.
"Ao contrário do gelo marinho no Ártico, o gelo marinho no entorno da Antártica se estendeu, alcançando um recorde em 2010", escreveram os pesquisadores do Instituto Real de Meteorologia da Holanda.
Este fenômeno, que um estudo divulgado em 2012 atribuiu a correntes atmosféricas, constitui uma "poderosa retroação negativa" no aquecimento atmosférico do hemisfério sul, afirmaram.
"Este é um trabalho novo e importante, propõe uma nova explicação para a expansão do gelo marinho, que aumentou recentemente em algumas áreas no entorno da Antártica", informou à AFP a paleoclimatologista francesa Valérie Masson-Delmotte, do Laboratório de Ciências do Clima e do Meio Ambiente (LSCE).
Este estudo "tem implicações importantes na evolução do balanço da massa da Antártica no curso das próximas décadas", avaliou a cientista, lembrando que o derretimento das calotas de gelo na Groenlândia e na Antártica contribuem em um terço com a elevação do nível do mar (outro terço é atribuído à dilatação térmica dos oceanos e o último terço, ao derretimento das geleiras que recobrem as montanhas).
Para Paul Holland, oceanógrafo polar do British Antarctic Survey, centro de pesquisas britânico, o estudo não demonstra formalmente um vínculo entre o derretimento das línguas de gelo da calota antártica e a expansão da banquisa.
"Há outras explicações plausíveis para o aumento da banquisa na Antártica", escreveu em um comentário o pesquisador, co-autor em 2012 de um estudo sobre o possível papel dos ventos na explicação deste fenômeno.
"As mudanças dos ventos modificam a cobertura de gelo ao mesmo tempo em que dispersam diretamente o gelo ao trazer massas de ar mais quentes ou mais frias sobre o oceano, conduzindo a mais ou menos formação de gelo", avaliou.
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