sábado, 13 de abril de 2013

"ABSURDO DE OPORTUNISMO" ATÉ UM PADRE QUERENDO LUCRAR COM A TRAGÉDIA DE SANTA MARIA.


Familiares das vítimas da Kiss protestam durante audiência pública

Presidente de associação diz que livro do padre Lauro fez todos reviverem a tragédia

Incêndio na madrugada de 27 de janeiro na boate Kiss matou 241 pessoas Foto: Daniel Favero / Terra
Incêndio na madrugada de 27 de janeiro na boate Kiss matou 241 pessoas
Foto: Daniel Favero / Terra

A audiência pública sobre a tragédia na boate Kiss organizada pela Defensoria Pública do Rio Grande do Sul neste sábado em Santa Maria foi marcada por momentos de indignação e protestos. Quando o novo comandante do Corpo de Bombeiros do município, major Marcelo Maia, iniciou o discurso, familiares e amigos das vítimas demonstraram indignação e proferiram palavras ofensivas. 



"As pessoas acham que existe algo a mais para ser feito então questionam o porquê de muitas coisas. Os pais ainda culpam muito os bombeiros pelo fato da ocorrência não ter sido atendida", explicou Adherbal Alves Ferreira, presidente da Associação de Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM). 



Ferreira precisou pegar o microfone e interferir para acalmar os ânimos no Colégio Marista Santa Maria, no centro da cidade. Segundo ele, a reunião com representantes de entidades não contou com um número expressivo de pessoas e a presença de políticos na mesa - deputados estaduais Jorge Pozzobom (PSDB) e Fabiano Pereira (PT) e vereadora Sandra Rebelato (PP) - causou descontentamento nos familiares. "Fui convidado para falar sobre a associação, mas não consegui fazer a explanação como queria por falta de quórum. Havia pedido para falar por último, mas muito antes as pessoas começaram a ir embora", disse. 


Para o presidente da associação, o livro Kiss: uma Porta para o Céu, lançado recentemente pelo padre Lauro Trevisan aflorou novamente o sofrimento dos familiares. "Esse livro esculhambou a cabeça das pessoas e causou um grande mal na cidade. Foi feito todo um trabalho psicológico e estava indo tudo bem, a audiência pública poderia ter ocorrido numa boa, mas aí veio esse livro e eles reviveram todo o momento", salientou.  


Ontem, a associação encaminhou um ofício para o delegado responsável pelas investigações da tragédia para que convoque o padre Lauro para prestar esclarecimentos sobre o conteúdo do livro. Um dos trechos que causou indignação aos familiares é o que relata que duas ou três vítimas haviam sido encontradas vivas no caminhão frigorífico que transportava os corpos ao 

Ginásio de Esportes. Depois de ser notificado extrajudicialmente pela associação, que pediu a retirada de circulação do livro, o padre Lauro divulgou uma nota dizendo que já retirou da publicação os trechos que causaram indignação. "O livro causou transtornos e tudo voltou à estaca zero", lamentou Ferreira. 


O padre Lauro não foi localizado para falar a respeito. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário