Os dados divulgados pelo IBGE, sobre inflação, na manhã de ontem, foram claros. A taxa medida pelo IPCA, em abril, subiu 0,55%, o que fez com que o índice acumulado em 12 meses recuasse para 6,49%, ficando dentro, portanto, do teto da meta tolerada pelo Banco Central, que é de 6,5% ao ano (sobre isso, leia a reportagem IBGE: inflação na meta, normalidade na economia)
Assim, toda a gritaria dos últimos meses, sobre um suposto descontrole inflacionário, que teve como símbolo o "colar de tomates" que Ana Maria Braga, da Globo, pendurou no pescoço, deveria ser superada. Os dados de ontem também confirmam a correção da linha adotada pelo Comitê de Política Monetária, que, a despeito de todo o lobby por juros maiores, optou por uma alta levíssima, e quase imperceptível, em sua última reunião.
Seria natural, portanto, que o enfoque do noticiário sobre inflação destacasse o retorno à meta. Mas quando o assunto se torna peça de propaganda e tema de campanha presidencial, o quadro se torna menos previsível. No Globo desta quinta, o jornal dos Marinho retoma o terrorismo com a manchete "Inflação dos alimentos já é de 14% em 12 meses", ainda que os dados do IBGE, divulgados ontem, também tenham destacado a desaceleração dos alimentos e a pressão maior de outros setores, como o de medicamentos.
A abordagem alarmista também mereceu destaque no Jornal Nacional de ontem, apresentado por William Bonner e Patrícia Poeta. No telejornal da Globo, foi feita a defesa de que o Brasil adote metas inferiores à atual, que é de 4,5%. Detalhe importante: no governo FHC, o Brasil só cumpriu a meta em anos de recessão aguda. Em praticamente todos, a meta foi estourada.
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