domingo, 26 de maio de 2013

DOWNLOAD DE ARMAS QUE MATAM: O FUTURO PODE SER SOMBRIO.

Download de revólver

FONTE: Alexandre Versignassi 


Ceci n'est pas uma pistola d´água

Quando você baixou a sua primeira música? Eu faz 13 anos, pelo Napster. Deixei Welcome to the Jungle baixando pela linha discada, a 2 kbps.
E foi mágico. Fui dormir com o download rodando e acordei com a minha música favorita ali, como se tivesse se materializado no ar. “Tô no futuro”, pensei. Estava mesmo: agora, que aquele futuro já é pretérito faz tempo, as músicas estão mais no ar ainda, nas nuvens do Grooveshark, do Spotify… Pra não falar nos torrents.
Depois começou outro futuro: o do download de coisas. Já faz tempo que falam em impressoras 3D . São máquinas que constróem objetos: você desenha, sei lá, uma peça de lego no computador, e a máquina monta a peça de lego usando um cartucho de plástico injetável como matéria prima. Lindo. Só tem um problema: não existe tanta demanda assim por coisas de plástico. Então as impressoras 3D nunca deslancharam. São inúteis para pessoas comuns.
Mas agora elas começaram a ficar especialmente úteis para pessoas nem tão comuns: as que gostariam de ter uma arma. Um engenheiro americano projetou um revólver de plástico, mas que atira balas de verdade. Calibre 38. E colocou o projeto na internet. Qualquer um com uma impressora 3D em casa pode baixar o revólver. E ele se materializa no ar.
Ou quase. O que a impressora faz é montar cada peça do revólver. E quem baixou vai encaixando tudo por conta própria. Anyway, não chega a ser um quebra-cabeça:

E o negócio funciona, como o vídeo aqui embaixo deixa claro. O revólver, diga-se, não é exatamente uma Magnum 44. Ele é fraco.  Só aguenta dar um disparo: atirou, quebrou. Mas isso é o de menos. A distancia entre um tiro e nenhum tiro é infinita: o estrago que um único disparo pode causar é imensurável. Pior, cada arma custa só R$ 50 em matéria-prima. Já tem impressora 3D de R$ 3 mil, R$ 4 mil. E o arquivo do revolver foi distribuído de graça por uma empresa, a Defense Distributed. Foram mais de 100 mil downloads. Até os meus colegas da revista Info baixaram um (sem as peças internas; só a casca). Pesado.
O FBI não gostou da história, lógico, e mandou a Defense Distributed tirar o arquivo do ar. Tiraram. Mas não significa grande coisa: tiraram o Napster do ar também, há 12 anos. E não foi isso que acabou com o download de música, muito pelo contrário. Pois é. Estamos no futuro do novo. Só que este agora é sombrio. Welcome to the jungle.



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