Os rios do interior paulista são continuamente afetados pela atividade agrícola da região, que contamina as águas com os pesticidas usados nas plantações de cana-de-açúcar e milho. Mas é possível que a solução para os problemas causados por essas culturas esteja no descarte resultante de outro produto vegetal. Um grupo de pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) demonstrou como a casca de banana pode ser tratadaa e transformada em pó e se tornar uma alternativa eficiente para a despoluição de águas atingidas pelos produtos tóxicos. A pesquisa é do Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena) da USP, em Piracicaba, e ganhou espaço na edição de abril da revista especializada American Chemical Society.
A transformação da casca da banana começa com o processo de secagem do material. A cobertura pode ser deixada ao sol por uma semana ou levada ao forno a 60 oC antes de ser triturada e peneirada. O pó natural é adicionado à água contaminada, e a mistura é agitada e filtrada. Os resultados do experimento com a fruta foram medidos por um cromatógrafo e compostos radiomarcados.
A técnica, acreditam os pesquisadores, é forte candidata para ser adotada por serviços de tratamento de água e abastecimento público que recorrem a fontes naturais próximas às cidades e que geralmente estão contaminadas. “Fizemos testes com água imprópria e vimos que havia uma contaminação de 1 ppb (parte por bilhão). Após o tratamento, (o problema) foi realmente remediado”, conta Sérgio Monteiro, um dos autores da pesquisa e doutorando do Laboratório de Ecotoxicologia do Cena.
Cargas
As propriedades da casca de banana têm afinidade com substâncias orgânicas como os pesticidas. “Por serem carregadas negativamente, elas atraem as substâncias que têm carga positiva”, diz Monteiro, que também é pesquisador do Instituto Biológico da Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo.
As propriedades da casca de banana têm afinidade com substâncias orgânicas como os pesticidas. “Por serem carregadas negativamente, elas atraem as substâncias que têm carga positiva”, diz Monteiro, que também é pesquisador do Instituto Biológico da Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo.
A técnica é mais uma a aproveitar as cascas da fruta descartadas após o consumo. Correspondente a 30% a 40% do peso total da fruta, a cobertura já é usada para a produção de adubos, de ração animal e para a produção de biocombustíveis, além da obtenção de proteínas e enzimas. O grupo deve estudar agora o processo de biodegradação das cascas de banana misturadas ao herbicida, para entender melhor como o uso da técnica pode influenciar na produção de dejetos sólidos.
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