quarta-feira, 22 de maio de 2013

GOOGLE GLASS SELECIONOU UM JOVEM DE CAMAQUÃ PARA FAZER PARTE DE UM SONHO.


Jovem camaquense é selecionado para testar Google Glass

Quando Lucas Sperb, de 18 anos, saiu em 2009 da casa onde vivia com os pais, em Camaquã, para estudar no Rio de Janeiro, ele nunca poderia imaginar que este seria o primeiro — e menor — dos desafios que a vida lhe reservara. 

Após estudar e morar na Escola Sesc de Ensino Médio junto com outras centenas de estudantes de todo o país, que fazem uma seleção anual onde apenas 160 são escolhidos entre quase 10 mil candidatos, o jovem passou um semestre na Unipampa cursando jornalismo até desembarcar em Novo Hamburgo para estudar biomedicina na Feevale. E foi no Vale do Sinos que, sentado nos silenciosos jardins com internet wi-fi da universidade, no final do mês passado, ele viu pela primeira vez o e-mail da Google chamando-o para ser uma das primeiras pessoas no mundo a ter acesso ao projeto Google Glass. 

— Eu fiquei com um pé atrás na hora. Não sabia se tinha sido selecionado mesmo. Só falei para o meu pai, nem meus amigos mais próximos sabiam— conta Sperb, com a simplicidade típica de quem é de cidade pequena. 

O estudante foi um dos 8 mil escolhidos da companhia norte-americana dentre centenas de milhares de inscrições para ter em primeira mão o óculos futurista (veja quadro ao lado) de $ 1,5 mil, que muitos geeks se descabelariam por uma cópia. Para ganhar o prêmio, o gaúcho de Camaquã desenvolveu o aplicativo para Android - plataforma tecnológica da Google -, Smart Tab. Nas "tablaturas inteligentes", o usuário do Google Glass enxerga tanto a letra da música escolhida passando aos olhos como as notas que devem ser tocadas, esquema semelhante ao usado no popular jogo de vídeo game Guitar Hero e perfeito para quem está começando a tocar violão ou guitarra. Lucas Sperb pensou na ideia no último dia de prazo para as inscrições do projeto If I Had Glass, em 31 de março. 

— Vi meu violão estirado na cama e, como não toco muito bem, imaginei esse aplicativo. Mesmo sendo da biomedicina, sempre me interessei pela área tecnológica. Sou o legítimo "nerd"— confidencia, aos risos. 

A curiosidade aguçada aliada a sua inteligência inata tornou Sperb um dos melhores estudantes do curso de biomedicina da Feevale. As notas altas apenas reproduzem uma rotina de estudos diária iniciada ainda no Rio de Janeiro. 

—O Lucas é um menino muito aplicado e interessado. Nunca falta às aulas. Nada mais do que merecido ele ter conseguido esse prêmio. É muito bacana essa projeção, mas vindo dele eu espero muito mais— atesta a professora Joice Fernandes, mestra em bioquímica. 

Apesar do jeito introspectivo interiorano, o garoto tem facilidade para fazer amizades, principalmente com mulheres, já que a sua turma é composta de mais de 90% do sexo feminino. 

— Ele é um pouco antissocial, mas depois que vira amigo é um tagarela. Ele passa o dia vendo atualizações da Apple e de informática no geral. Ele é a cara dessas coisas — brinca a colega de curso Larissa dos Santos, de 19 anos. 

O sonho virou realidade 

Filho de uma auxiliar de serviços gerais em uma escola de Camaquã e de um administrador, Lucas Sperb sabia que a maior dificuldade para adquirir o equipamento e viajar para os Estados Unidos seria o aspecto financeiro. Mas, após a visibilidade proporcionada por ser um dos poucos brasileiros a ter a chance de manusear em primeira mão a tecnologia que deve revolucionar a comunicação nos próximos anos, a Feevale e o Santander Universidades concretizaram o sonho. 

A universidade entrará com R$ 3 mil, enquanto o braço educacional do grupo Santander vai bancar outros R$ 2 mil. Quantia suficiente para o estudante pagar a viagem para Nova York, ficar hospedado por cinco dias em uma das maiores metrópoles do mundo, pagar o seu exemplar do Google Glass e ainda participar dos cursos de aprendizado do equipamento, promovidos pela empresa norte-americana. 

— Foi ótimo quando recebi a notícia! Será um sonho viajar para os Estados Unidos e ainda estar em uma das sedes da Google. Nunca imaginei isso! — comemora Sperb, que deve viajar apenas em julho. 

Agora, o futuro biomédico volta as suas atenções para angariar verba e parceiros para lançar o aplicativo no mercado em breve. Segundo seus cálculos, a estimativa de gasto é de R$ 40 mil, o que envolve a contratação de um programador, aluguel de sala comercial por um ano, despesas extras e divulgação. Um obstáculo mínimo para quem já alçou vôos tão altos quanto o de seu super-heroi preferido, Tony Stark, o Homem de Ferro. 

— A maior parte dos nerds adora o Homem de Ferro porque ele não tem superpoderes. Ele é apenas inteligente— gargalha com a juventude de seus bem vividos 18 anos.

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