Miss Holocausto reúne sobreviventes de genocídio em concurso polêmico
Em sua segunda edição, o concurso é alvo de controvérsias, com críticos alegando que não é uma forma adequada, de mau gosto e até macabra de prestar homenagem para estas mulheres. Esthere Gorovitsky, uma das finalistas, discorda. "O concurso me dá a oportunidade de estar com outras mulheres que enfrentaram grandes adversidades em suas vidas", disse Gorovitsky, que com apenas 6 dias de vida foi levada para a Sibéria por sua mãe para fugir do regime nazista. "É bom estar com outras mulheres que experimentaram dificuldades. Falamos uma língua comum". Em 22 de agosto, um grupo de 18 mulheres se reuniu em Haifa, no norte de Israel, para um concurso de beleza. Diferentemente dos desfiles habituais de misses, porém, as participantes israelenses que se apresentaram ante 2 mil pessoas tinham entre 70 e 94 anos, e todas elas sobreviveram ao holocausto.
A vencedora, Shoshana Kolmer, 93 anos, enfrentou tantas dificuldades como qualquer outra. Durante a guerra, ela foi levada para o campo de concentração de Auschiwitz. Ela ainda tem o número 80277, que foi marcado por oficiais nazistas, em seu braço. Após a guerra, ela se mudou para Israel em 1946. Em 2006, sua casa foi destruída por um foguete disparado do Líbano pelo Hezbollah. Atualmente ela vive em um lar para idosos que sobreviveram ao holocausto com seu filho, que sofre de deficiência mental.
Seis milhões de judeus morreram vítimas do genocídio perpetrado pela Alemanha nazista durante a Segunda Guerra Mundial, milhões sobreviveram após serem internados em campos de concentração ou em outras situações adversas. Menos de 200 mil ainda estão vivos em Israel atualmente.
O concurso é organizado pela Embaixada Cristã Internacional, uma organização evangélica pró-Israel, em parceria com a ONG israelense elping Hand for a Friend. Segundo Shimon Sabag, da ONG israelense, a decisão de organizar o evento veio após consultas com uma psiquiatra local, Izabella Grinberg, responsável pelo tratamento de sobreviventes do genocídio. "Grinberg encorajou as sobreviventes que nós tratamos para se vestirem bem e se cuidarem. Elas nos disseram: 'quando nos vestimos melhor, nos sentimos melhor", disse Sabag ao jornal americano USA Today.
Segundo o jornal israelense Haaretz, mais de 300 mulheres ao redor do país, e até dos Estados Unidos e da França, se inscreveram para participaram do concurso. Duas horas antes do evento, as 18 finalistas receberam maquiagem de artistas voluntariamente cedidos por empresas de cosméticos. Elas também tiveram o cabelo feito e se vestiram com trajes e joias de festa. "Essas mulheres nunca tiveram o privilégio de serem mimadas. Se alguém merece isso, são elas", disse Grinberg ao Haaretz.
Com informações do USA Today e do Haaretz
Nenhum comentário:
Postar um comentário