terça-feira, 27 de agosto de 2013

700 CIDADES BRASILEIRA NÃO TEM NENHUM MÉDICO




Estão chegando os médicos cubanos. Em 700 municípios, 11 milhões de brasileiros não tem nem um médico. Na maioria, em Estados do Norte e Nordeste com baixo índice de desenvolvimento humano e muita miséria.

Virão médicos também de outros países, mas, claro, Cuba é o chamariz para o debate. Há quem imagine ser esse um debate político-partidário. É, mas é muito mais do que só isso.
O que esse tema provoca são percepções sobre o que é, o que deve ser a sociedade. O “Mais Médicos” arranca a visão que cada um de nós tem da vida. Da vida privada e da vida em comunidade.

O programa é mais um a dividir opiniões radicalmente nos últimos 11 anos. Para lembrar outros: Bolsa-Família, sistema de Cotas, e a PEC das Empregadas Domésticas.
Bolsa Família, Cotas, PEC das Empregadas e Médicos… Existem argumentos irrefutáveis. E sempre haverá argumentos refutáveis. Ao gosto e visão de cada um.
Quem contesta Cotas -e há quem odeie- enxerga desprezo ao mérito, e favorecimento. Quem apoia Cotas lembra que o Brasil manteve humanos como escravos por 385 anos, quatro quintos da nossa história.
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Bolsa Família. Entre os que reagem às Bolsas predomina um argumento: é um incentivo ao ócio, “dá o peixe e não ensina a pescar”. A pior seca do Brasil nos últimos 50 anos providência fatos para quem defende as Bolsas.
Não se viu, como em outros tempos, saques nas cidades. E ao lado do chão esturricado, do gado morto, não há, como sempre houve, fome em larga escala. Porque existem as Bolsas. Porque existem redes de proteção social.

Na reação à PEC das Domésticas cansamos de ouvir e ler: “Eu trouxe essa babá para casa quando ainda era uma menina”; “Minha empregada é como se fosse da família”.
Não faltou quem lembrasse: a menina se tornou adulta e seguiu babá; quase sempre sem estudar, e tantas sem carteira assinada. “Como se fosse da família”, a empregada serve café às 7 da manhã e o jantar à noite.

Com banheiros, chão e roupa suja pra lavar no intervalo. “Da família”, mas, claro, sem direito a herança. Agora, os médicos: não faltarão problemas, desavenças e crises.
Mas há outro lado nessa história: 700 cidades não têm nem um médico. E milhares têm, se tanto, um médico. Não têm médicos porque faltam condições para tanto. Mas também porque médicos para lá não querem ir.

Milhões que moram nestas cidades não querem saber se o médico é baiano, sueco ou cubano. Querem médicos. E medicina. Sabem que um médico é melhor do que nem um médico. A boa medicina será cobrada, e muito, nesse caminho. O resto é o jeito de cada um enxergar a vida.

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