segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

NOSSO LIXO TELEVISIVO DE TODO DIA ESTÁ PERDENDO AUDIÊNCIA.




Por que o público foge da TV aberta

Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:

Conforme notícia divulgada pela Folha de São Paulo nesta semana, a Rede Globo fechou o ano passado com a pior audiência de sua história. Segundo dados do Ibope, em 2012 ela teve, em média, 14,7 pontos (cada ponto equivale a 60 mil domicílios).

A emissora ainda amarga o pior índice em seu principal programa jornalístico, o Jornal Nacional, que, ano passado, teve média de 28,1 pontos contra o pico de audiência, que ocorreu em 2006, de 36,4 pontos.

Todavia, é equivocada a percepção de muitos de que se trata de um problema isolado da Globo. Houve queda de audiência de todas as TVs abertas no ano que passou em relação a 2011.

Apesar de a Globo ter fechado 2012 com 14,7 pontos contra 16,3 em 2011, a Record teve 6,2 pontos contra 7, 2, o SBT 5,6 pontos contra 5,7, a Band 2,5 pontos contra 2,5 e a Rede TV! liderou a queda, tendo perdido 37% de sua audiência no ano passado, tendo cravado 0,9 pontos contra 1,4 em 2011.

E não foi só. O número de aparelhos ligados em televisões abertas caiu perto de 5%.

O resultado negativo mais “vistoso”, claro, foi o da Globo, que, ao longo da última década, vem perdendo mais audiência do que as concorrentes, sobretudo devido ao avanço da Record e à forte perda de audiência do Jornal Nacional.

Sobre o ainda mais assistido telejornal do país, a perda de audiência acima da média certamente se deve, em boa parte, à utilização do informativo como arma na incessante guerra da Globo contra o governo federal e o PT.

A cobertura do julgamento do mensalão, por exemplo, irritou profundamente até o público que não gosta do PT. Tentando influir a qualquer preço na eleição municipal do ano passado, sobretudo na de São Paulo, o núcleo de jornalismo da Globo, às vésperas do segundo turno, produziu um dos maiores absurdos que se viu na televisão brasileira.

Em 23 de outubro, a uma semana do segundo turno, logo após o horário eleitoral gratuito, o Jornal Nacional levou ao ar uma matéria que teve duração só comparável às coberturas de grandes catástrofes como a de 11 de setembro de 2001 em Nova Iorque, nos Estados Unidos, quando terroristas derrubaram as Torres Gêmeas do World Trade Center

Dos 32 minutos de duração da edição do JN naquele dia, 18 minutos foram gastos com o julgamento. E o que é pior: não houvera absolutamente nada de especial, naquele dia. Assim, o telejornal se limitou a importunar o telespectador com “melhores momentos” do julgamento.

Aliás, o ineditismo do tempo gasto na reportagem foi de tal monta que virou até matéria de jornal no dia seguinte, na Folha de São Paulo, e ainda gerou representação da ONG Movimento dos Sem Mídia ao Ministério Público Eleitoral acusando a emissora de fazer uso político de uma concessão pública em período eleitoral, contrariando a legislação.

O julgamento do mensalão foi tão martelado por toda a programação da Globo que passou a ser comum ouvir pessoas comentando que não agüentavam mais o assunto. Contudo, a queda mais pronunciada de audiência da Globo e do JN se deve a um processo mais amplo.

Outras emissoras não se beneficiaram da queda de audiência da Globo porque também incorrem em manipulação de notícias, mas, acima de tudo, porque todas as emissoras abertas insistem em uma programação que qualificar de medíocre soa até benevolente.

O público que pode, foge para a televisão a cabo. Quem não pode, recorre à internet. Sobretudo para se informar.

Agora, por exemplo, está sendo anunciado que o Brasil voltará a ser assolado por nada mais, nada menos do que a DÉCIMA TERCEIRA edição do Big Brother Brasil, com bebedeiras, promiscuidade e mediocridade invadindo nossos domicílios.

Alternativa ao BBB? A Record apresenta algo ainda pior, uma cópia malfeita, mais brega, ainda que menos promíscua: o reality show A Fazenda.

Novelas? Apesar de Globo e Record, acima de todas, reunirem bons elencos, as tramas são sofríveis, repetitivas. As histórias são sempre as mesmas, com pequenas variações. Ainda que o público para essas porcarias ainda se mantenha, vem diminuindo percentualmente em relação ao conjunto da população.

O progressivo aumento do nível de escolarização e cultura do brasileiro vai provocando fuga de uma programação cuja produção chega a ser cara só para produzir lixo cultural em estado puro.

Para que se informar pelos telejornais se, pela internet, você fica sabendo antes das notícias e ainda pode ter acesso a diversos ângulos delas?

No Jornal Nacional, por exemplo, o espectador sofre tentativa de manipulação, com notícias distorcidas sob interesses políticos e econômicos e, em geral, não fica sabendo do outro lado da moeda.

Há cada vez mais gente, portanto, produzindo seus próprios informativos pela internet. Hoje você pode montar uma rede de sites e blogs nacionais e internacionais e se informar em muito maior profundidade.

Claro que ainda é restrito o contingente de pessoas que montam seu portfólio informativo com base em critérios mais racionais e via internet, mas esse contingente cresce de forma exponencial.

O que ocorre no Brasil é uma tendência mundial. Nos EUA, por exemplo, a televisão aberta tem baixa audiência, muito mais baixa do que no Brasil, percentualmente.

Agora, a cereja do bolo: nos próximos anos, as operadoras de telefonia deverão começar a produzir conteúdo para transmitirem via TV digital ou internet, inclusive em celulares. E sem uma regulação das comunicações eletrônicas, a Globo e congêneres estarão ferradas.

Explico: as teles vêm aí com arcas incontáveis de dinheiro para investir em conteúdo, com seus faturamentos dez vezes maiores do que das emissoras tradicionais, inclusive da Globo. Sem regulação do setor, até ela será engolida.

Talvez por conta disso vemos o governo Dilma impassível diante do clamor de setores da sociedade por uma “lei da mídia”, pois a tecnologia deverá levar Globo e companhia limitada a baterem na porta do governo pedindo regulação, por incrível que pareça.

Muitos – entre os quais me incluo – estão contrariados com a postura da presidente Dilma de renegar qualquer intenção de dar ao Brasil uma legislação moderna para esse setor tão crucial, até porque há medo de que os barões da mídia arranquem de um governo aparentemente acovardado uma regulação feita sob medida para os interesses deles.

Todavia, apesar de também ter essa preocupação, penso que a passividade do governo federal pode – apenas pode – ser uma estratégia para negociar em posição de força quando a própria família Marinho, entre outros, bater-lhe à porta pedindo uma “lei da mídia”.

3 comentários:

  1. Parabéns pelo texto. De fato, está cada vez pior assistir esses canais da TV aberta, que há anos usam a concessão pública para enriquecerem. Desde que o país sofreu com golpe militar em 1964, que a Rede Globo vem crescendo e tornando-se a PODEROSA.Como no livro do professor Venício de Lima: Teoria e Política, ele apresenta um capítulo intitulado: Rede Globo 40 anos de intimidade com o poder. Esse grande especialista em mídia também traz em vários artigos a expressão : coronelismo eletrônico. Expressão de cunho político, que realmente cabe à emissora. Os telespectadores puderam acompanhar a apelação nas últimas eleições no país, onde a emissora declaradamente fazia campanha ao PSDB,e a mais apelativa foi sem dúvida as eleições presidenciais. Contudo, a Rede Record está tentado ficar com a melhor parte da fatia do bolo usando a concessão pública para insultar à Rede Globo, mas não estão sendo felizes, porque prestam um desserviço à população incitando o preconceito e a intolerância religiosa. Podiam ser mais felizes e melhorarem a sua própria grade de programas, que é péssima. Assim como você professor, não acredito que a presidenta Dilma regularize o serviço de concessão pública para a radiodifusão ("lei da mídia"), é como mexer em vespeiro, ela pode perder feio na próxima eleição. Mas se a população continuar procurando outras formas de se informar- acredito que, uma mudança nesse setor não causaria estragos à campanha da presidenta em 2014.
    O tema é muito abrangente e não exaustivo, e por isso me deterei por aqui, haja vista, que estamos dando um passo importante no que tange o acesso à informação, seja TV fechada, TV digital e internet. Ademais, quanto custa uma informação? Pode ficar bem mais barata do que imaginamos!

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  2. Parabens pelo texto!muito bem escrito e esclarecedor.apesar dessa "pequena" queda da audiencia da teve ela ja e alguma coisa.o que me surpreende hoje em dia e que com tantas opçoes e alternativas de lazer,alguem tolere assitir teve,mesmo sabendo que a maior parte da populacao nao tem acesso a outras fontes de informaçao e cultura.tenho grandes esperanças na internet.ela pode ser a "salvaçao da lavoura".sei que 90% do seu conteudo tbm e so lixo,mas e uma midia democratica,ja que podemos acessar o queremos e a qualquer hora!;)

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  3. Graças a Deus os brasileiros estão estudando mais e quanto mais isto acontece vai deixando de ser alienado, a rede Globo na minha casa é proibida, os programas são verdadeiro lixos, ultimamente nem o jornalismo presta, o que ainda pouco se salva são os programas humorísticos (alguns)sem contar as porcarias de artistas , pode-se contar nos dedos quem realmente é um bom ator nesta globo graças a Deus eu assino Tv a cabo , porque gosto de boas reportagens e bons documentários e boas séries senão nem ligava a TV.

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