quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

COMO CUBA CHEGA AO SOCIALISMO MAIS DEMOCRÁTICO DO MUNDO.


A ILHA, SEU POVO, SEUS SONHOS


Podemos  discordar do regime político de Cuba, que se mantém sob o domínio de um partido único. Mas é preciso seguir o conselho de Spinoza: não lisonjear, não detestar, mas entender. Entender, ou procurar entender. A história de Cuba – como, de resto, de quase todo o arquipélago do Caribe e a América Latina – tem sido a de saqueio dos bens naturais e do trabalho dos nativos, em benefício dos colonizadores europeus, substituídos depois pelos anglossaxões.
         
E, nessa crônica, destaca-se a resistência e a luta pela soberania de seu povo não só contra os dominadores estrangeiros, mas, também, contra  seus vassalos internos.
           
 Já se tornou  lugar comum lembrar que, sob os governos títeres, Havana se tornara o maior e mais procurado bordel americano. A legislação, feita a propósito, era mais leniente, não só com o lenocínio, e também  com o jogo, e os mais audazes gangsters de Chicago e de Nova Iorque tinham ali os seus negócios e seus retiros de lazer. 

E, mais: as mestiças cubanas, com sua beleza e natural sensualidade, eram a atração irresistível para os entediados homens de negócios dos Estados Unidos.
           
A Revolução Cubana foi, em sua origem, o que os marxistas identificam como movimento pequeno burguês. Fidel e seus companheiros, no assalto ao Quartel Moncada – em 1953, já há quase 60 anos - pretendiam apenas derrocar o governo  ditatorial de Fulgencio Batista, que mantinha o país sob cruel regime policial,  torturava os prisioneiros e submetia a imprensa à censura férrea. A corrupção grassava no Estado, dos contínuos aos ministros. 

O enriquecimento de Batista, de seus familiares e amigos,  era do conhecimento da classe média, que deu apoio à tentativa insurrecional de Fidel, derrotada então, para converter-se em vitoria menos de 6 anos depois. Os ricos eram todos associados à exploração, direta ou indireta, da prostituição, disfarçada no turismo, e do trabalho brutal dos trabalhadores na indústria açucareira.
        
Foi a arrogância americana, na defesa de suas empresas petrolíferas, que se negaram a aceitar as novas regras, que empurrou o advogado Fidel Castro e seus companheiros, nos dois primeiros anos da vitória do movimento, ao ensaio de socialismo. A partir de então, só restava à Ilha encampar as refinarias e aliar-se à União Soviética.
       
 Os americanos, sob o festejado Kennedy – que o reexame da História não deixa tão honrado assim – insistiram nos erros. A tentativa de invasão de Cuba, pela Baía dos Porcos, com o fiasco conhecido, tornou a Ilha ainda mais dependente de Moscou, que se aproveitou do episódio para livrar-se de uma bateria americana de foguetes com cargas atômicas instalada na Turquia, ao colocar seus mísseis a 100 milhas da Flórida, no território cubano.
        
A solução do conflito, que chegou a assustar o mundo com uma guerra atômica, foi negociada pelo hábil Mikoyan: Kruschev retirou os mísseis de Cuba e os Estados Unidos desmantelaram sua bateria turca, ao mesmo tempo em que assumiram o compromisso de não invadir Cuba – mas mantiveram o bloqueio econômico e político contra Havana. Enfim, ganharam Moscou e Washington, com a proteção recíproca de seus espaços soberanos – e Cuba pagou a fatura com o embargo.   
         
O malogro do socialismo cubano nasceu desse imbróglio de origem. Tal como ocorrera com a Rússia Imperial e com a China, em movimentos contemporâneos, o marxismo serviu como doutrina de empréstimo a uma revolução nacional. O nacionalismo esteve no âmago dos revolucionários cubanos, tal como estivera entre os social-democratas russos, chefiados por Lenine  e os companheiros de Mao.  
        
Os cubanos iniciaram reformas econômicas recentes,  premidos, entre outras razões, pelo fim do sistema socialista. Ao mesmo tempo tomaram medidas liberalizantes, permitindo as viagens ao exterior de quem cumprir as normas habituais. É assim que visita o país a dissidente Yoani Sánchez (que mantém seu blog na internet de oposição ao governo cubano). Ocorre que ela não é tão perseguida em Havana como proclama e proclamam seus admiradores. Tanto assim é que, em momento delicado para a Ilha, quando só pessoas de confiança do regime viajavam para o Exterior, ela viveu 2 anos na Suíça, e voltou tranquilamente para Havana.
         
É sabido que ela mantém encontros habituais com o escritório que representa os interesses norte-americanos em Cuba, como revelou o WikeLeaks. Há mais, ela proclama uma audiência que não tem, como assegura o sistema de registro mais confiável, o da Alexa.com. (citado por Altamiro Borges em seu site) em que ela se encontra no 99.944º lugar na audiência mundial, enquanto o modesto jornal O Povo, de Fortaleza, se encontra na 14.043ª posição, ou seja dispõe de sete vezes mais  seguidores do que Yoani. Há mais: ela afirma que tem 10 milhões de acessos por mês, o que contraria a lógica de sua posição no ranking citado.  O site de maior tráfego nos Estados Unidos é o do New York Times, com 17 milhões de acessos mensais.
         
Apesar de tudo isso, deixemos essa senhora defender o seu negócio na internet. É seu direito dizer o que quiser, mas não podemos tolerar que exija do Brasil defender os direitos humanos, tal como ela os vê, em Cuba ou alhures. Um dos princípios históricos do Brasil é o da não interferência nos assuntos internos dos outros países. O problema de Cuba é dos cubanos, que irão resolvê-lo, no dia em que não estiverem mais obrigados a se defender da intervenção dos estrangeiros, que vêm sofrendo desde que os espanhóis, ainda no século 16, ali se instalaram.  Foram substituídos pelos Estados Unidos, depois da guerra vitoriosa de Washington contra o frágil governo da Regente Maria Cristina da Espanha.  Enfim, o generoso povo cubano, tão parecido ao nosso, não teve, ainda, a oportunidade de realizar o seu próprio destino, sem as pressões dos colonizadores e seus sucessores.
         
Dispensamos os conselhos da Sra. Sánchez. Aqui tratamos, prioritariamente, dos direitos humanos dos brasileiros, que são os de viver em paz, em paz educar-se, e em paz trabalhar, e esses são os direitos de todos os povos do mundo. Ela, não sendo cidadã de nosso país, não deve, nem pode, exigir nada de nosso governo ou de nosso povo.  Dispensamos seus avisos mal-educados e prepotentes, e esperamos que  seja festejada pela direita de todos os países que visitará, à custa de seus patrocinadores (como o Instituto Millenium), iludidos pelo seu falso prestígio entre os cubanos.

FONTE:Blog do Mauro Santayana

O BRASIL É A EXCEÇÃO NA ÁREA DE INVESTIMENTOS.


Brasil receberá R$ 3,8 trilhões em investimentos até 2016, diz ministro do Desenvolvimento

O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio 
Exterior, Fernando Pimentel, disse nesta quarta-feira (27) 
que o Brasil receberá investimento de R$ 3,8 trilhões até 
2016. 
Segundo Pimentel, que participou da 40ª Reunião Ordinária 
do Pleno do Conselho de Desenvolvimento Econômico e 
Social (CDES), no Palácio do Planalto, entre 2013 e 2016 o 
investimento no Brasil crescerá cerca de 30%.
Pimentel afirmou que diante do panorama global de 
estagnação, que puxou para baixo a curva de investimento 
direto no mundo inteiro, o Brasil foi uma exceção e se tornou 
até mais atraente. O ministro disse ainda ter a convicção de 
que haverá aumento do investimento nos diversos setores 
da economia brasileira nos próximos anos.

FOI EXTINTO UMA DAS VERGONHAS DA CÂMARA DO DEPUTADOS.



Câmara acaba com pagamento do 14º e 15º salários de parlamentares

Fonte:Iolando Lourenço
Repórter da Agência Brasil

A Câmara dos Deputados aprovou, há pouco, por unanimidade, projeto de decreto legislativo que acaba com a chamada ajuda de custo para os parlamentares no início e no final de cada ano, conhecido como décimo quarto e décimo quinto salários dos deputados e senadores.  Essa ajuda de custo é equivalente ao valor do subsídio de cada congressista.

Pelo projeto aprovado, o benefício continuará a ser pago apenas no primeiro e no último mês dos mandatos de deputados e senadores, como uma ajuda de custo destinada a compensar despesas com mudança e transporte. De autoria da senadora e hoje  ministra-chefe da Casa Civil Gleisi Hoffman (PT-PR), o projeto já foi aprovado pelo Senado e, com a votação na Câmara, será promulgado pelas mesas diretoras das duas Casas.

Ao discursar no plenário, o deputado federal Newton Cardoso (PMDB-MG) disse que estava votando o projeto com medo da imprensa. Segundo ele é uma deslealdade com os deputados que precisam dessa ajuda (tadinhos!), mesmo assim ele votou pelo fim do benefício.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

O PODER DO BIGODE: HISTÓRIA OU MITO?



O poder dos pelos faciais: quatro ditadores bigodudosFonte: Marcel Verrumo/ super
Em tempos de hipsters, bigodes têm um forte caráter estético e de afirmação de identidade de grupo. Mas a história é diferente em outros lugares e tempos. Na Turquia, por exemplo, essa faixa de pelos entre o nariz e a boca, ora fininha, ora robusta, está relacionada ao poder e à ideologia. Lá, homens até estão investindo R$ 5mil para implantar cabelos do couro cabeludo no bigode. É uma tentativa de se parecer com figuras históricas de peso – ou melhor, de bigode. No Oriente Médio, embora Maomé tenha dito para seus fieis deixarem crescer a barba, o bigode é sinal de virilidade – e Saddam Hussein não nos deixa mentir. Outros ditadores do século 20 também desfilaram essa moda. Veja:


4. Saddam Hussein (1937–2006)

Saddam foi peça fundamental na revolução de 1968, que colocou o Partido Socialista Árabe Ba’ath no poder no Iraque. O político assumiu a frente do país em 1979 e permaneceu no poder na época em que o Iraque passou por episódios históricos importantes do século 20, como a Guerra Irã-Iraque e a Guerra do Golfo. 

Também ficou conhecido pela nacionalização do petróleo e pelo combate a movimentos de independência, como curdos e xiitas. Em 2003, uma coalisão, liderada pelos Estados Unidos e pela Inglaterra, invadiu o Iraque com o pretexto de que o líder teria armas de destruição de massa. Resultado: o partido caiu, o líder foi capturado e, três anos depois, em 30 de dezembro de 2006, foi executado.

3. Joseph Stalin (1878–1953)
O robusto bigode líder soviético encantava alguns de seus seguidores, como o escritor comunista brasileiro Jorge Amado. Em seus textos, o que não faltam são referências a “Stalin, o dos longos bigodes, aquele que tem um sorriso de criança inocente na face serena de sábio e de condutor de homens”. Amado, inclusive, chegou a relacionar o estado de espírito dos soviéticos ao bigode de seu líder: “o largo sorriso do marechal Josef Stalin, saído de sob os bigodes como um símbolo, é o povo soviético sorrindo”. Ambas citações foram retiradas de Hora da Guerra (Companhia das Letras).

Mas quem foi esse líder? Secretário-geral do Partido Comunista da União Soviética de 1922 até sua morte, em 1953, Stalin foi o líder soberano da União Soviética a partir de 1941, após a morte de Trotsky. Seu governo é amado por uns e odiado por muitos. Internamente, ficou conhecido pela coletivização das propriedades agrárias ao criar as propriedades estatais e as agrárias. 

Na política externa, apoiou partidos comunistas espalhados pelo mundo e, durante a Segunda Guerra Mundial, combateu regimes nazi-fascistas contrários ao comunismo. Seus opositores atribuem a ele a morte de 10 milhões de soviéticos.

2. Benito Mussolini (1883–1945)
Embora representado com um barba durante a fase adulta, Mussolini exibiu um robusto bigode durante a juventude. Foi um ditador italiano à frente do país entre 1922 e 1943. Seu nome geralmente é associado ao fascismo e à Segunda Guerra Mundial, momento histórico em que estabeleceu laços com a Alemanha de Hitler para combater as forças comunistas.

1. Adolf Hitler (1889–1945)
O maior ditador do século 20 exibia um bigode bem característico, parodiado por artistas como Charlie Chaplin. Hitler dominou a Alemanha entre 1933 e 1945, quando se suicidou com a iminência da derrota na Segunda Guerra Mundial. Líder com uma boa lábia para discursos, defendia a hegemonia da raça ariana.

SÓ QUATRO ESTADOS PAGAM INTEGRALMENTE O PISO DO MAGISTÉRIO.



CNTE: 4 Estados e DF cumprem lei do piso dos professores

Apenas quatro Estados e o Distrito Federal cumprem integralmente a Lei do Piso Nacional do Magistério (Lei 11.738/2008), informou a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE). Desde que foi sancionada, a lei é motivo de embate entre os trabalhadores e governos estaduais e prefeituras. Prefeitos e governadores argumentam não ser possível pagar o valor proposto com os repasses atuais para a educação. O piso salarial nacional do magistério da educação básica chega a R$ 1.567.
Nesta quarta-feira, o Supremo Tribunal Federal (STF) definiu que, embora tenha sido editada em 2008, a lei tem validade a partir de abril de 2011, data quando a Corte confirmou sua legalidade. Os ministros atenderam a recursos do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina, do Ceará e Mato Grosso do Sul, que alegaram dificuldades para adaptar as finanças às novas regras. A decisão resolve dúvidas sobre a formação de passivo que poderia ser cobrado pelos professores pelos salários inferiores ao piso antes de 2011.
De acordo com o presidente da CNTE, Roberto Leão, a decisão do STF não deixa mais nenhuma brecha para o descumprimento da lei. Estados e municípios que, desde abril de 2011, não estavam pagando o piso, poderão ser acionados na Justiça para o pagamento retroativo de 2011 até o presente momento.
A categoria pretende se mobilizar para o cumprimento da lei com passeatas, e se necessário, greves. "Só queremos o cumprimento da lei, parece algo tão óbvio de se pedir", disse Leão. Além do valor do salário, a lei trata também sobre as condições de trabalho, estipulando, por exemplo, jornada de no máximo dois terços da carga horária para o desempenho das atividades de interação com os alunos. Segundo a confederação, as únicas unidades federativas que cumprem a lei na totalidade são: Acre, Amazonas, Distrito Federal, Mato Grosso e Rondônia . Mais dez estados cumprem parcialmente, e oito descumprem a lei. O restante está em negociação com os sindicatos.
O Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed) disse, em nota, que desde a aprovação da Lei 11.738/2008, os estados vêm ajustando os padrões de remuneração do magistério e acolhem "sem surpresa ou impacto" a decisão de hoje do STF. Na nota, o conselho diz que "todos [estados] já pagavam, em abril de 2011, o valor do piso aos seus professores com formação de nível médio na modalidade normal". Com relação à jornada de trabalho dos docentes, o conselho informou que "em breve" os Estados também terão adotado o limite imposto pela lei - dois terços para interação com os estudantes e um terço para atividades.
Em relação aos municípios, não há um levantamento que indique quantos estão em conformidade com a lei. Para a presidenta da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), Cleuza Repulho, é "importante que todos os municípios garantam o piso para atrair novos profissionais e valorizar os que estão nas escolas". No entanto, "boa parte" deles não consegue pagar os salários. "Precisamos da aprovação do Plano Nacional de Educação (PNE) e dos recursos dos royalties e do pré-sal para conseguir cumprir as metas de universalização da educação do próprio plano".

FUTEBOL:UMA BOMBA RELÓGIO PRESTES A EXPLODIR.


 futebol e fanatismo

Postado por Juremir 
O futebol vem se transformando no terreno mais fértil para o fanatismo. Mais, em alguns lugares, do que religião e ideologia. Parece que se converteu em causa existencial para quem tem a vida vazia. Enquanto algum torcedor disser que o seu time do coração é o que mais importa na sua vida, como se ouve a cada dia, acima de família e amigos, algo estará errado. A morte do menino boliviano é um sinal. Medidas vigorosas precisam ser tomadas. O que se tem visto no entanto? Muita gente preocupada com os prejuízos financeiros e esportivos do Corinthians se tiver, de fato, de jogar sem torcida nos seus próximos compromissos na Libertadores da América.

A punição foi branda. Somente a exclusão do clube da competição permitiria realmente compreender a gravidade do fato e preparar o futuro. Futebol é um divertimento. Serve para brincar. Não é sério como sentido da vida, salvo, evidentemente, para profissionais. Os clubes ainda não entenderam que precisam banir as torcidas organizadas, que funcionam, em geral, como centros de formação de fanáticos. Não se pode admitir que um bando de doidos entre num estádio carregando artefatos mortais. Os dirigentes ajudam essas máfias que funcionam como claques e como cabos eleitorais. Eles são corresponsáveis pelos estragos que esse pessoal faz. Devem ser julgados e punidos junto com eles. A direção do Corinthians é cúmplice no assassinato involuntário do jovem boliviano.

O guri de 17 anos que, já no Brasil, resolveu se apresentar como responsável pelo disparo, talvez, por ser menor, para livrar a cara dos amigos, soltou uma frase inquietante: “Eu amo o Corinthians”. Aí é que mora o perigo. Gostar de um clube de futebol é saudável. Amar um time passa dos limites. Gente saudável ama pai, mãe, irmãos, amigos, mulheres, homens, mas não um clube de futebol. Por que essa tendência a amar fanaticamente clubes de futebol? Talvez porque isso permite a canalização de energias agressivas na medida em que há disputa, competição, tudo transformado pela mídia em batalhas, guerras, confrontos, com uma retórica bélica sem disfarces, pulando do simbólico para o literal a todo momento. Futebol é irrelevante para quem não é profissional. Salvo como entretenimento e brincadeira.

Acontece que um mundo incapaz de oferecer perspectivas mais interessantes de vida aos jovens, soltos na selva das grandes cidades, usa o futebol como válvula de escape. É uma maneira de manter a massa ocupada, mobilizada, acreditando em algo. É por isso que os governos dão dinheiro público para a construção de estádios. Essa é a explicação para o investimento no estádio do próprio Corinthians. Como nos tempos romanos, a massa precisa de pão e circo para não surtar. Os governos tratam de fornecer. É por isso também que os clubes podem não saldar suas dívidas com o Estado. Eles prestam um serviço público: manter a turba ocupada.

Enquanto, por exemplo, num Gre-Nal não se puder ter o estádio dividido meio a meio entre gremistas e colorados, teremos o sintoma de uma anomalia. Torcer por um clube é uma coisa. Amar um clube é algo inquietante.

ELIO GASPARI E O SISTEMA DE COTAS NO BRASIL , AS DIFERENÇAS SÃO QUASE IMPERCEPTÍVEIS.

Elio Gaspari

A diferença entre a nota do cotista favorecido e a do candidato que perde a vaga é menor do que se supunha

NA ESSÊNCIA da política de cotas há um aspecto que exaspera seus adversários: um estudante que vai para o vestibular sem qualquer incentivo de ações afirmativas tira uma nota maior que o cotista e perde a vaga na universidade pública. Quem combate esse conceito em termos absolutos é contra a existência das cotas, cuja legalidade foi atestada pela unanimidade do Supremo Tribunal Federal e aprovada pelo Congresso Nacional (com um só discurso contra, no Senado). É direito de cada um ficar na sua posição, minoritária também nas pesquisas de opinião.

Uma coisa é defender as cotas quando a distância é pequena, bem outra seria admitir que um estudante que faz 700 pontos na prova deve perder a vaga para outro que conseguiu apenas 400. O que é diferença pequena? Sabe-se lá, mas 300 pontos seria um absurdo.

Os adversários das cotas previam o fim do mundo se elas entrassem em vigor. Os cotistas não acompanhariam os cursos, degradariam os currículos e fugiriam das universidades. Puro catastrofismo teórico. Passaram-se dez anos, e Ícaro Luís Vidal, o primeiro cotista negro da Faculdade de Medicina da Federal da Bahia, formou-se no ano passado e nada disso aconteceu. Havia ainda também as almas apocalípticas: as cotas estimulariam o ódio racial. Esse estava só na cabeça de alguns críticos, herdeiros de um pensamento que, no século 19, temia o caos social como consequência da Abolição.

Mesmo assim, restava a distância entre o beneficiado e o barrado. O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais divulgou uma pesquisa que foi buscar esses números no banco de dados do Sistema de Seleção Unificada (Sisu). Neste ano, as cotas beneficiaram 36 mil estudantes. Pode-se estimar que em 95% dos casos a distância entre a pior nota do cotista admitido e a maior nota do barrado está em torno de 100 pontos. Em 32 cursos de medicina (repetindo, medicina) a distância foi de 25,9 pontos (787,56 contra 761,67 dos cotistas).

O Inep listou as vinte faculdades onde ocorreram as maiores distancias. Num caso extremo deu-se uma variação de 272 pontos e beneficiou uns poucos cotistas indígenas no curso de história da Federal do Maranhão. O segundo colocado foi o curso de engenharia elétrica da Federal do Paraná, com 181 pontos de diferença. A distância diminui, até que, no 20º caso, do curso de ciências agrícolas de Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Federal do Rio Grande do Sul, ela ficou em 128 pontos.

Pesquisas futuras explicarão como funcionava esse gargalo, pois se a distância girava em torno de 100 pontos, os candidatos negros e pobres chegavam à pequena área, mas não conseguiam marcar o gol. É possível que a simples discussão das ações afirmativas tenha elevado a autoestima de jovens que não entravam no jogo porque achavam que universidade pública não era coisa para eles. Neste ano, 864.830 candidatos (44,35%) buscaram o amparo das cotas.

A política de cotas ocupou 12,5% das vagas. Num chute, pode-se supor que estejam em torno de mil os cotistas que conseguiram entrar para a universidade com mais de cem pontos abaixo do barrado, o que vem a ser um resultado surpreendente e razoável. O fim do mundo era coisa para inglês ver

VEJA IMAGENS DO LUXUOSO PALÁCIO ONDE O PAPA VAI CURTIR SUA APOSENTADORIA.


Quadros de famosos , detalhes em ouro e muito mármore .





Móveis luxuosos e tapeçaria persa





Salas amplas com vista privilegiada 



Bom gosto e conforto dos Papas ,contradiz com vida dos fiéis que sustentam o luxo





Corredores que parecem avenidas amplamente decorados na residência Papal



Esculturas famosas e muita privacidade acompanhada de luxo.




Lustres , mármores e motivações pagãs no Palácio Papal. 




Vista de fora do Palácio.




Pequenos bosques e parques circundam o Palácio na cidade de Castel Gandolfo.



"A ROMA NEGRA DA AMÉRICA DO SUL"


Por Carlos Leonam/Carta capital
O cineasta americano -Spike Lee andou por Salvador, a Roma Negra, como dizia o etnólogo franco-baiano Pierre Verger, durante o carnaval e saiu de seus cuidados afirmando que o povo soteropolitano nunca elegera um negro para administrar a sua cidade ou o estado. Coitado, ele não sabe de nada…

Antes, havia esculhambado (perdão, paciente leitor) com Quentin Tarantino por Django Livre. Na base do “não vi e não gostei” (sic), Lee afirmou que o filme é “desrespeitoso” por causa do uso da palavra nigger, que podemos traduzir livremente por crioulo. 
Ora, nigger, agora pejorativo nos Estados Unidos, era como os senhores, feitores e os próprios escravos se referiam aos hoje afro-americanos. Jamie Foxx, que interpreta Django, considerou as críticas do cineasta de Malcolm X bastante “irresponsáveis”.
Ninguém escapa. Mesmo o branco nascido nas colônias europeias da América descende dos negros. Foto: The art archive/ Biblioteca National do Rio de Janeiro Brazil/ Gianni Dagli Orti/ AFP
Ninguém escapa. Mesmo o branco nascido nas colônias europeias da América descende dos negros. Foto: The art archive/ Biblioteca National do Rio de Janeiro Brazil/ Gianni Dagli Orti/ AFP

Como afirma Haroldo Costa, autor do livro Fala, Crioulo, em que relata o que ouviu de pretos brasileiros, de todas as camadas sociais, sobre suas experiências de vida, inclusive Pelé, a quem os amigos mais chegados costumam chamar, carinhosamente, de Crioulo:

“Crioulos somos todos nós, latino-americanos. Seja o indivíduo negro nascido na América do Sul, seja o indivíduo de ascendência europeia nascido nas colônias da América. Ninguém escapa…”

Foi o que também constatou o acadêmico Marcos Milanez, que há anos estuda as origens do povo brasileiro. Vou passar a bola para ele:

“Além dos mais de 2 milhões de escravos trazidos da África, acredita-se que cerca de 600 mil homens europeus, a grande maioria portugueses, tenham migrado para o Brasil nos tempos coloniais. Um número bem menor de mulheres portuguesas cruzou o Oceano Atlântico no mesmo período. 
Quando o Brasil se tornou independente, a população do novo país era de pouco mais de 3 milhões de habitantes, mais da metade escravos. A contribuição genética masculina para a população brasileira foi pela maior parte portuguesa, enquanto a contribuição feminina foi mais igualmente formada por genes de mulheres portuguesas, africanas e ameríndias.

Isso quer dizer que milhões de homens africanos e ameríndios morreram sem deixar descendentes. Também quer dizer que milhões de mulheres africanas e ameríndias foram forçadas a ter relações sexuais com homens de origem portuguesa. A gente brasileira, na maior parte fruto de miscigenação, tem traços físicos que revelam a mistura, mas por trás das aparências há mais detalhes significativos. 
No Brasil, a correlação entre aparência física e ancestralidade genética é fraca. Indivíduos com pele clara podem ter grande parte dos seus genes originada em populações africanas ou ameríndias. Por outro lado, indivíduos de pele escura podem ter grande parte dos seus genes originada em populações europeias”.

Na Bahia principalmente, onde os mulatos, mamelucos e cafuzos se tornaram “brancos caucasianos” ao ascenderem socialmente. Assim, essa história de nenhum preto ter sido prefeito, governador e que tais é uma bobagem espaiqueliana. E isso se repete Brasil afora.

O CORINTIANO E O "RABO DE FOGUETE".


Com que grana o menor corintiano, sem emprego, comprou sinalizadores, ingresso e passagem de ida e volta para a Bolívia?

Segundo a reportagem do Fantástico, o menor de 17 anos que está assumindo o rabo de foguete de ter disparado o sinalizador que matou o jovem de 14 anos na Bolívia, "é o terceiro dos seis filhos de uma família humilde"

Segundo o advogado da Gaviões da Fiel (torcida organizada do Corinthians, que tem o menor como sócio) Ricardo Cabral, todos os sinalizadores encontrados com os 12 torcedores presos na Bolívia, num total de seis, pertenceriam ao menor, que os teria levado para a Bolívia sem o conhecimento da torcida.

Falta só explicar as marcas de pólvora nas mãos de dois dos torcedores presos, e mais: como o jovem de família humilde, com cinco irmãos, desempregado, conseguiu comprar todos os sinalizadores, mais passagem de ida e volta à Bolívia e ingresso para o jogo.

Agora, o advogado da Gaviões e do menor, Cabral, afirma que ele será punido pela torcida, cujo estatuto proibiria que sinalizadores fossem levados aos jogos.

Ou seja, a bomba vai estourar inteiramente na cabeça do menor. Se for o culpado, tudo bem. Mas, e se estiver sendo usado, como o caminhão de estranhas coincidências indica que sim?

Além do mistério que cerca o caso, há um outro: por que o menor foi ao Fantástico, antes de comparecer à Justiça? Qual o objetivo? Quem negociou a reportagem? Partiu de quem a iniciativa?

AGRICULTURA E O TRABALHO INFANTIL.


Das crianças que trabalham, quase 60% estão na agricultura
 – Quase 60% das crianças envolvidas em trabalho infantil estão na agricultura, um dos setores considerados mais perigosos. Além disso, há meninos e meninas a partir dos 5 anos trabalhando na atividade pastoril. Os dados fazem parte de relatório divulgado nesta segunda-feira 25 pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO).
Foto: Sugarfrizz/Flickr
Foto: Sugarfrizz/Flickr
IntituladoTrabalho Infantil na Pecuária, o documento conclui que pouco se sabe sobre o envolvimento das crianças nessa atividade, em que a participação dos menores é comum cultural e tradicionalmente.
Embora reconheça que a participação na agricultura pode ser um fator normal do crescimento, desde que em tarefas adequadas à idade, que não tenham riscos para a saúde e que não interfiram no tempo necessário para estudar e brincar, a FAO ressalta que muito do trabalho das crianças na pecuária pode ser classificado como trabalho infantil.
“É provável que seja perigoso, que interfira na educação da criança e que seja prejudicial à saúde e ao desenvolvimento físico, mental, espiritual, moral ou social”, diz o texto.
O relatório, baseado em pesquisa bibliográfica e em uma consulta a organizações e especialistas, cita “uma série de estudos de caso” focados em países específicos que mostram que o trabalho infantil na atividade pastoril – a mais documentada de todas as atividades infantis na agricultura – “pode começar muito cedo, entre os 5 e os 7 anos”.
A FAO manifesta uma “particular preocupação com o fato de algumas crianças serem traficadas dentro do país ou para outro país em atividades [forçadas] de pastoreio”.
As condições de trabalho das crianças que pastoreiam o gado variam bastante, destaca o relatório. Segundo o texto, algumas delas podem fazê-lo algumas horas por semana sem deixar de frequentar a escola, mas outras passam dias seguidos naquela atividade, às vezes longe de casa, e sem qualquer possibilidade de escolaridade.
“Em muitas situações, a natureza do trabalho das crianças na pecuária dificulta a frequência da escola formal e os riscos e as condições envolvidos tornam-no a pior forma de trabalho infantil”, ressalta.
O relatório cita como prejuízos ao desenvolvimento das crianças ligadas à atividade os riscos de doenças relacionadas com animais, problemas de saúde devido aos longos horários de trabalho em condições extremas, ou ao uso de químicos, além dos fatores psicológicos associados ao medo dos castigos dos empregadores e ao sentimento de responsabilidade com o capital familiar.
“A redução do trabalho infantil na agricultura não é apenas uma questão de direitos humanos, já que também contribui para promover a verdadeira sustentabilidade do desenvolvimento rural e da segurança alimentar”, disse o diretor-geral adjunto do Departamento de Desenvolvimento Econômico e Social da FAO, Jomo Sundaram.
Para ele, “a crescente importância da pecuária na agricultura significa que os esforços para reduzir o trabalho infantil devem concentrar-se sobretudo nos fatores que conduzem a trabalhos prejudiciais ou perigosos para as crianças e, ao mesmo tempo, devem respeitar e proteger os meios de subsistência das famílias rurais pobres”, destacou Sundaram.
Um dos setores agrícolas de maior crescimento, a pecuária representa 40% da economia agrícola e é uma fonte de rendimentos e de segurança alimentar para 70% dos 880 milhões de pobres no mundo rural que vivem com menos de um dólar por dia, ressalta a FAO.
No relatório, a organização apela à academia para que faça mais estudos sobre essa realidade e recomenda aos governos que apertem a malha legal para diminuir o trabalho infantil na pecuária. A FAO também pede às associações de produtores, de patrões e de trabalhadores empenho na sensibilização das populações e cobra das empresas e multinacionais que garantam que não há crianças envolvidas em trabalho infantil nas suas cadeias de abastecimento.
*Publicado originalmente em Agência Brasil.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

O EQUADOR QUE A MÍDIA "BOÇAL" E SERVIÇAL DO NEOLIBERALISMO ESCONDE.


Ministra, de forma breve, contextualize o antes e o depois da Revolução Cidadã.

É importante conhecer o processo para compararmos o antes e o depois de 2006 e 2007. Naqueles anos o Equador havia tocado o fundo do poço com a aplicação do modelo neoliberal, que privilegiou os interesses do sistema financeiro e socializou as perdas da crise bancária com todo o seu povo. Dolarizou-se a economia, gerando impactos desastrosos para a grande maioria dos equatorianos, gerando o êxodo de milhões de pessoas como migrantes, que tiveram de buscar condições de vida fora, já que o país não lhes oferecia esta oportunidade.

 

Milhares de aposentados viram diminuir enormemente seus benefícios pela dolarização e houve até gente que se suicidou porque perdeu todos os seus depósitos nos bancos. Creio que a crise bancária colocou destampou uma velha institucionalidade: a de que o Estado estava absoluta e cinicamente a serviço de pequenos grupos de poder econômico e político.

 

De aí surgiu a tese defendida pelo jovem Ministro da Economia e logo candidato a presidente, Rafael Correa, de que devíamos caminhar para uma Constituinte com o objetivo de refundar o país. Correa visibilizou que não havia condições do povo equatoriano fazer as transformações que necessitava dentro de um marco da velha Constituição, pois ela privilegiava o modelo neoliberal e estava claramente a serviço dos bancos. A lei era feita para eles, para assegurar seus lucros. A Assembleia servia a eles e as entidades, como o poder eleitoral, também. Tudo estava a serviço da “partidocracia”, termo que foi cunhado para designar esse velho sistema de partidos que abarcava todo tipo de interesses minoritários e particulares da sociedade, gerando a enorme exclusão da grande maioria. Isso explica também o alto índice de pobreza que herdamos: quase 40% de pobreza e 17% de pobreza extrema. Números que temos revertido nos últimos seis anos.

 

Virando o jogo
Em 2007 Correa não apresenta candidatos à Assembleia porque dizia que, naquele parlamento, não havia sentido, pois sob essas regras do jogo não se conseguiria realizar os avanços que o povo precisava. Assim, defendia, vamos à Constituinte. Esta foi a tese central deste jovem movimento político Alianza País, que agrupou o melhor dos movimentos sociais, da esquerda e de um movimento cidadão totalmente inconformado com esse sistema.

 
Em 2008, 83% da população votou para que houvesse a Assembleia Constituinte e este foi o nosso primeiro grande triunfo. Uma demonstração de que nossas propostas estavam absolutamente sintonizadas com o anseio popular.

 
Construímos a nova Constituição, a qual precisamos dar a importância estratégica que tem. Ela é uma rota de longo alento para construir esse horizonte compartilhado, um novo consenso social. O país que queremos, com outro modelo de desenvolvimento, se cunhou com um termo tão lindo, tão sugestivo que vem dos povos indígenas: Bom Viver, (Buen Vivir) que é muito mais que crescimento econômico: é o equilíbrio entre o bem-estar material e o desenvolvimento pleno da vida de todos num horizonte de bem-comum. Logo depois vamos ao segundo processo eleitoral, já com as novas regras do jogo, em 2009, quando ganha também o presidente Correa.

 
Não tivemos neste momento uma assembleia 100% favorável, majoritária, daí que tivemos de 2009 a 2013 problemas de obstrução, problemas inclusive de lógicas conspirativas, como foi o 30 de setembro, onde um setor de oposição da Assembleia se aliou aos policiais insurretos para por fim ao processo de mudanças de forma totalmente antidemocrática, mas felizmente não conseguiram.
Quero repetir: A força deste projeto é a força do apoio popular. O apoio de um povo cada vez mais maduro, mais consciente, que vem passando do desespero à esperança, da desconfiança à confiança em si mesmo. Acredito que agem mal os que, desde fora, veem este processo, como estampam as notícias, como obra de um grande caudilho. Rafael Correa é um líder excepcional, sem dúvida. É um líder de uma esquerda moderna, que não só virou o tabuleiro da direita, da velha política, como o da esquerda ortodoxa, tradicional, fazendo uma proposta muito coerente com o que o povo aspira, mas também com um manejo estratégico do Estado, da política social, da política econômica, das relações internacionais.

Mudanças democráticas, dentro do marco constitucional.
Um dos êxitos da Revolução Cidadã é não sair da rota da Constituição e, contra vento e maré, enfrentando todas as dificuldades, materializar esse novo marco constitucional. Essa coerência é a capacidade de cimentar com fatos o que temos proposto, concretizando tudo o que dizemos em termos de políticas sociais: educação e saúde públicas, moradias sociais, política para os migrantes. São ações que configuram uma aposta desde a área social para gerar oportunidades. Esta é a chave para combater a pobreza. Não são dádivas.

 
O “bônus do desenvolvimento humano”, por exemplo, é uma alavanca para gerar oportunidade para o povo equatoriano, para as comunidades, para os mais pobres. Além disso, há também um bom manejo econômico das relações internacionais baseado na soberania. Havia uma série de maus augúrios quando o presidente decidiu renegociar os contratos petroleiros. Se o petróleo continuasse subindo de preço, o aumento do lucro seria para as empresas estrangeiras.

 
O presidente reviu isso e passamos a utilizar contratos de prestação de serviços, pelos quais pagamos o que temos de pagar pela exploração do petróleo. Porém as altas e os benefícios adicionais devem ir todas para o povo equatoriano. Diziam que não íamos conseguir isso, que todas as empresas petrolíferas sairiam do país. Pois elas ficaram e agora temos uma relação mais justa onde o grosso dos benefícios do petróleo está financiando a política social. Este é um olhar histórico, panorâmico, que explicaria o resultado desta nova eleição onde tivemos uma ratificação contundente desta confiança do povo equatoriano em Rafael Correa, na proposta da Revolução Cidadã, e eu diria em si mesmo. Porque para além das escolas, rodovias e hospitais, este é um crescimento da autoestima e da confiança dos equatorianos, de que somos capazes de dirigir o nosso próprio destino.

Houve uma enorme multiplicação dos investimentos do Estado, particularmente nas áreas sociais. De que forma a luta política garantiu que este seja mais do que o êxito de uma política de governo, mas de uma política de Estado?
A própria Constituição estabelece prioridades para o Orçamento: investimentos em saúde, educação, nos setores sociais - se destina 25% do Orçamento a todas estas áreas. Mas, além disso, é um tema de políticas públicas, de racionalização e bom investimento dos recursos do Estado. Antes de 2007, boa parte dos recursos do Estado era direcionada ao pagamento da dívida externa. Este é um ponto muito importante. O presidente nomeou uma comissão de auditoria da dívida externa que determinou o que, de alguma forma, sabíamos, mas que nos deu muito mais certeza: a dívida estava praticamente paga e muito desta dívida era ilegal e imoral.

 
Isso nos deu a base técnica e política para renegociar e para comprar parte desta dívida e aliviar a carga orçamentária que tínhamos comprometida.
O Equador foi pioneiro e sem medo nesta questão da auditoria. Essa força moral tinha claro de que o primeiro que tínhamos de fazer era colocar os recursos do país para saldar a dívida histórica com o nosso povo. E temos investido nisso, incrementando em mais de 300% os investimentos em educação.

As escolas do nosso país caiam aos pedaços. A chamada escola pública e gratuita simplesmente não existia. Todos os pais de família tinham que dar, no mínimo, a chamada “quota voluntária” de 20 dólares para a matrícula. Logo, tinham que investir nos uniformes escolares, nos livros, apostilas, e tudo era cobrado na escola pública. Para um lar pobre, com dois ou três filhos, era impossível matricular os filhos, porque uma família que vive com 200 ou 300 dólares não podia assumir este tipo de gastos de mais de 100 dólares mensais para a educação.

Havia um grande contingente de crianças fora da escola...
Havia muitíssimas crianças fora da escola. Hoje já cumprimos o Objetivo do Milênio para a educação básica e universal, com equidade de gênero: praticamente 100% dos meninos e meninas estão estudando. Mas garantir a gratuidade e a qualidade da educação pública não é tão fácil. Para isso houve a valorização e a dignificação da atividade docente. Antes os professores ganhavam 300 dólares, quando muito. Hoje o
professor que recebe menos, aquele que recém ingressa na carreira docente, ganha 700 dólares, recebe capacitação e é avaliado periodicamente para assegurar a evolução do nível e da qualidade. Aprovamos na Assembleia uma nova lei de educação, intercultural, que permite também ganharmos em eficiência e excelência com a aplicação de todos os princípios da educação pública.

Como são as Escolas do Milênio, um dos carros-chefes da campanha.
Temos um modelo das escolas do milênio que o presidente iniciou nas zonas de maior pobreza. São escolas com tecnologia de ponta, computadores e internet, que podem ser vistas numa comunidade indígena ou num bairro periférico de Guayaquil. É uma iniciativa com a qual começamos a pagar a dívida histórica com os mais pobres. O país está sendo semeado de Escolas do Milênio, de bons colégios públicos e já temos também cerca de 14% de crianças de lares que receberam o bônus da pobreza, de lugares pobres, aprovadas nas melhores universidades do país. Temos feito uma boa mudança na educação superior conscientes de que apostar no talento humano, apostar na formação do povo equatoriano é a chave para o desenvolvimento. Não temos como pensar o desenvolvimento sem uma educação pública de qualidade, de excelência. Esta é uma rota que está muito bem traçada.

O que também pode se comprovar na questão da saúde pública.
Sim, o mesmo acontece na saúde. Os hospitais caiam aos pedaços. O enfermo que precisava ser hospitalizado tinha de levar a seringa, o gás e o medicamento, porque a linha neoliberal era a privatização total da saúde, o que excluía milhões de equatorianos do serviço de atenção pública. Junto com a Seguridade Social, os hospitais do Ministério da Saúde são cada vez melhores.

Estamos também tapando os buracos históricos de um modelo territorializado que começa com o nível básico. Recuperamos o conceito de médico da família, com subcentros nos bairros para a medicina de atenção primária, a medicina preventiva, além de hospitais especializados da mais alta qualidade. Por isso alguns serviços públicos estão colapsados pelo crescimento da procura, porque hoje as pessoas estão buscando o serviço público. Há portanto uma recuperação significativa do público como sinônimo de qualidade, como sinônimo do direito que temos cada um dos equatorianos a estes serviços.

Os 100 maiores êxitos da Revolução Cidadã foram sintetizados num pequeno livro em que compara o antes e o depois do governo de Rafael Correa. O que consideras mais importante?
Poderia citar nesta pequena síntese das 100 conquistas da nossa revolução o investimento forte em moradias sociais, construímos mais de 200 mil, número que supera a todos os últimos governos juntos. Também para resolver o déficit em infraestrutura, houve investimento junto aos governos locais em água potável, saneamento, serviços básicos... E projetamos que o país possa fechar as brechas para as necessidades básicas insatisfeitas até 2021, se seguir mantendo este ritmo de investimento em políticas sociais, o que significaria baixar em 20 pontos a pobreza.

Devemos ressaltar que a pobreza se mede por necessidades básicas insatisfeitas, carência de moradias, serviços básicos, educação, saúde. A outra forma de medir a pobreza é pelos salários. Esta é uma grande conquista que o presidente sempre destaca com justa razão: não é que diminuímos a pobreza com bônus ou medidas assistenciais, vamos diminuindo com redistribuição dos recursos, diminuindo a desigualdade e gerando oportunidades, que é o que assegura um país focado em políticas públicas voltadas ao bem comum e não para pequenos grupos.

Houve uma arrasadora vitória do Alianza País no exterior, por conta da política para os migrantes, setor historicamente marginalizado. Fale um pouco sobre esta ação.
Um dos compromissos do presidente Rafael Correa foi reivindicar os direitos de nossos milhões de compatriotas equatorianos que saíram quando houve o êxodo econômico e tivemos a pior crise da nossa história, quando se deu a sabotagem bancária, quando muitos perderam não somente seus empregos, mas suas economias e qualquer perspectiva de vida num país tão mal governado por elites corruptas que tudo lhes negava.

Iniciamos com a criação da Secretaria do Migrante que é um ente especializado que vinculou todas estas comunidades. Temos uma longa migração nos Estados Unidos e na Europa, e também na América Latina, na Venezuela e no Chile. Nosso capital humano na área de saúde, médicos e enfermeiras foram para o Chile e a Argentina, países que absorviam esta mão de obra qualificada, porque o Equador lhes negava a possibilidade de uma vida digna.

Muitos jovens saiam e não regressavam. Então através da secretaria do Migrante começamos a proteger seus direitos nos países em que haviam migrado e propor um debate de alcance internacional: o mundo está vivendo um momento de globalização e se debate seus prós e contras. Até agora ela está muito marcada pelo capital, por servir aos interesses do capital transnacional, voltada para os mercados, não é uma globalização que garante direitos universais aos cidadãos, como a livre mobilidade.

Pelo contrário, nossas comunidades têm sido afetadas por políticas migratórias adversas, em muitos casos nos Estados Unidos e Europa. E nisso o presidente Correa também tem sido muito coerente: o Equador suprimiu as visas dos estrangeiros. Somos o país da América Latina que mais refugiados acolheu: particularmente colombianos, peruanos, e temos uma política dentro do nosso país favorável a este conceito de ver a mobilidade humana como um direito universal das pessoas. Isso tem nos permitido colocar esse debate nos círculos internacionais.

Esta política de inclusão e de direitos aos migrantes tem dado autoridade ao Equador para colocar o tema na agenda internacional.
Isso é certo: tem nos dado mais autoridade. Garantir a seguridade social dos migrantes, que aqueles que contribuíram em outros países - e temos um convênio com a Espanha – que sirva para que quando regressem esses direitos sociais sejam reconhecidos aqui.
O direito a voltar com equipamentos básicos, o direito a voltar com empreendimentos produtivos... Com o passar dos anos estruturamos uma chancelaria que não é mais um conjunto de escritórios de relações internacionais, muitas vezes burocratizada, mas bastante ligadas às pessoas, prestando bom serviço, mantendo os migrantes bem próximos ao governo cidadão que pretendemos ser. Isso nos dá muito respaldo na comunidade migrante. Além disso temos negociado com os países de destino estas políticas mais favoráveis.

Como a crise internacional, particularmente na Europa, tem afetado esta política?
No caso da Europa, a crise evidencia a falência de Estados que permitem que as regras do jogo impostas pelo capital financeiro se sobreponham, como é o caso da Espanha. Nossos migrantes que saíram fugindo precisamente disso, hoje em dia dizem: vale a pena regressar. O país voltou a nos dar esperança, há oportunidades para muitos empreendimentos em diversas áreas, particularmente em economia popular e solidária. Este é um tema que trabalhamos neste Ministério de Inclusão Econômica e Social: turismo comunitário, gastronomia, serviços, estimulando os negócios dos equatorianos que regressam. Mas há também uma recuperação do talento humano. Muitos jovens formados no exterior, PhDs, cientistas e técnicos da mais alta qualidade estão voltando porque creem no sonho equatoriano. Não é mais no sonho americano, como dizíamos, o sonho que lhes seduz, mas voltar à Pátria que recuperou a dignidade e as oportunidades, que queremos para todos.

A questão da migração é realmente dolorosa...
Não há um equatoriano que não tenha pelo menos um familiar no exterior. Todos temos porque vimos esta sangria do talento humano, das nossas famílias, quando a crise bancária foi tão impactante na economia, mas também na credibilidade. Pensem vocês que credibilidade poderia ter partidos como o de Mahuad, que haviam sido financiados pelos bancos, e que fizeram sua campanha pelos bancos. Claro que quando estiveram no poder lhes devolveram esse favor com a sabotagem bancária, que pagou as perdas dos banqueiros com os recursos de todos os equatorianos. Esse foi o maior assalto do século. Isso nós nunca vamos esquecer. Como resultado disso milhões de equatorianos buscaram outro destino. Hoje é uma alegria ver milhares retornando, mas esta foi uma experiência muito sentida.

O que estamos debatendo é totalmente invisibilizado pelas agências internacionais. Essa discussão e o êxito dos programas sociais são pauta na imprensa equatoriana?
Este é um tema muito importante e atual no mundo contemporâneo, que é como os Estados modernos, enquanto representantes da sociedade e que devem trabalhar pelo bem comum, encaram os grandes poderes, o poder do mercado, o poder financeiro, mas também o poder midiático. Creio que em relação a isso a proposta do presidente Correa é contundente e justa. Não é porque uma família ou grupo de pessoas tenha adquirido a capacidade econômica de comprar um canal ou um jornal que esta imprensa tenha o direito de colocar-se acima dos mecanismos democráticos de eleição e incidir na política de um país. E esse é o grande tema, a questão de fundo.

A mídia tem sido e é um poder muito importante, um poder oculto, que não segue necessariamente as regras do jogo democrático e que, através de seus canais de comunicação, acostumaram-se a impor as agendas políticas, econômicas em nossos países. No caso do Equador, isso acabou. Tem muito poder ainda, porém já não colocam e tiram presidentes, não demarcam a agenda do país, não tem o grau de influência que tiveram no passado durante outros governos, porque eram parte destas elites que governavam em nome da liberdade de expressão.

O Equador tem uma história especial em relação a isso, pois não tivemos meios públicos no início da formação dos nossos meios de comunicação, como foi o caso da Argentina, onde o primeiro a surgir foram os meios públicos.

Nós tivemos basicamente meios privados e agora com o governo da Revolução Cidadã é que os meios públicos ganham impulso. Pela primeira vez temos um canal público, um jornal público, uma rádio pública, que fazem um contraponto à manipulação da informação. Este ministério só tem boas notícias a dar para o país, é o Ministério da Inclusão Social e Econômica, porém desgraçadamente nos queixamos de que as boas notícias não são notícias para esses meios.

Infelizmente ainda há um desequilíbrio em favor dos meios privados que negam informações que seriam alentadoras para a sociedade equatoriana, o que além de tudo é uma mesquinharia porque para além do governo de plantão, necessitamos nos reconstruir enquanto sociedade e as coisas boas, as conquistas, toda esta luta contra a pobreza na qual este Ministério é chave, muitas vezes não encontram eco nos meios privados. Vantajosamente também há várias outras formas de comunicação: investimos muito no diálogo social, direto com os cidadãos, com os meios locais, o que nos permite que a cidadania conheça diretamente a obra do governo. Este é um governo que se comunica diretamente com as pessoas. Talvez esta condição de desequilíbrio com os grandes meios privados nos tenha dado esta grande vantagem: nos levou pelos caminhos da verdadeira comunicação alternativa com o nosso povo.

Nesta comunicação direta, qual o papel dos gabinetes itinerantes?
Todos estamos em gabinetes itinerantes a cada três semanas. Há muito trabalho desconcentrado nos territórios, o que faz com que os cidadãos tenham canais de comunicação muito mais próximos aos ministérios, às autoridades, que somos pessoas simples e a pé, como digo, porque somos outro tipo de governo. Queremos ser um governo cidadão, honrar este nome, e sempre estar muito próximos às pessoas. Assim a população sente que o governo não é outra coisa senão a sua representação desde a política pública.

O presidente Correa tem dito muito claramente e creio que tem razão: Há um Equador de antes e depois. Os equatorianos recebem todos os sábados um informe do que se tem feito ao longo da semana. Isso é uma pedagogia até o povo, onde o presidente explica grandes e complexas decisões econômicas ou estratégicas de maneira bem simples nas três horas que dura o “Enlace Ciudadano”. Fez isso desde o primeiro dia de governo e já estamos no 345º Enlace. Todos os sábados conta o que faz, onde esteve, com quem se reuniu, o que comeu, falando sobre as grandes decisões que tem de tomar. O mesmo fizemos nós, ministros, em outro nível e as pessoas vivem a experiência de um governo muito mais próximo.

Por isso, embora enfrentemos uma campanha muito pesada, de muita desinformação, os avanços são evidentes e as pessoas se manifestaram com absoluta nitidez. Poderiam ter se posicionado apenas em favor do presidente e não da Assembleia, pois tentou se vender a ideia de que era necessário eleger parlamentares da oposição para fazer um contrapeso, mas houve uma compreensão de que precisamos uma Assembleia par respaldar os avanços, daí termos eleito a grande maioria. Isso diz muito de como o povo está compreendendo este processo, de quanto quer que ele seja irreversível. Assim estamos construindo um país inclusivo, que representa a todos.

Como se dá a integração com os demais ministérios, o trabalho conjunto?
Esta é uma mudança muito importante que o presidente vem desenhando. Somos nove ministérios coordenadores, articulando a gestão governamental em nove grandes campos. Somos um gabinete setorial, todos os ministérios estamos agrupados: educação, saúde, crianças, migrantes, trabalhadores, moradia e desenvolvimento urbano. Dentro de um conceito setorial temos uma agenda comum que trabalha todas as inter-relações, como o combate à pobreza, por exemplo.


Este não é um tema do bônus de desenvolvimento humano, é uma alavanca para a equidade, para a construção de igualdade de oportunidades, o que tem a ver com o acesso à educação básica desde o início da vida para romper com as condições estruturais de pobreza. O acesso à saúde: as pessoas que recebem o bônus têm duas obrigações de co-responsabilidade: matricular seus filhos na escola pública e fazer, no mínimo, duas visitas a uma unidade de saúde.


Então não é uma dádiva, é um direito com uma corresponsabilidade. Desta forma o meu trabalho é muito imbricado com o do Ministério da Saúde e com o da Educação, para ir acompanhando as famílias neste processo de erradicação da pobreza das novas gerações. Acompanhando não só os jovens, as crianças, mas todo o ciclo da vida: os adultos, os idosos, as pessoas portadores de deficiência. Levantamos todos esses dados também para analisar como está o direito à moradia e todo o trabalho das áreas sociais.


Ou seja, os êxitos que estamos conseguindo, como o de que nos últimos seis anos um milhão de equatorianos tenham saído da linha da pobreza, não é obra de um ministério, mas de toda uma política social integrada. Da mesma forma, os ministério de âmbito produtivo têm um conselho de produção, de política econômica, de segurança, talento humano – que envolve educação básica, superior, em centros de formação e qualificação.


Então o presidente governa a gestão pública através de nove ministros coordenadores de uma forte Secretaria de Planificação, que é uma outra grande mudança. Não há apenas a programação da política pública, que era definida em termos de atividades e investimentos, nosso Plano de Bem Viver se formula por objetivos, quer dizer, não há apenas somente a planificação de cada ministério, mas a coordenação dos objetivos governamentais aos quais cada um de nós aporta dentro de uma lógica de trabalho integral e muito articulado.


Superamos assim a dispersão que havia no velho estado neoliberal onde os ministérios eram basicamente administradores ou programadores de ações sempre debilitadas. O presidente tem muito orgulho deste desenho coletivo, de planificação integral, de trabalho em equipe, porque realmente otimiza a política pública.


Como está a questão da seguridade social?
Este é um dos méritos do esforço do Equador: combater a pobreza fechando as brechas da desigualdade. Aí entra a questão da geração de emprego digno. O presidente chegou inclusive a defender que entre as perguntas da consulta popular estivesse o fato de que fosse um delito penal o fato da não vinculação dos trabalhadores à seguridade social. Porque aqui isso era negado por muitas empresas.


Havia muitos empregados domésticos a quem seus patrões simplesmente não pagavam a seguridade social, barrando o acesso a esse direito básico. Graças ao apoio popular, que disse um sim rotundo na consulta, agora esse é um delito penal e milhares de trabalhadores recuperaram esse direito, contando com a proteção do seguro social. Foram gerados mais empregos, mas dignos, em boas condições, não mais precários ou terceirizados. A Constituinte nisso foi bastante radical: eliminou a terceirização. O presidente tem uma filosofia bem clara, para nós vem primeiro o trabalho, depois o capital. Para essa revolução o ser humano está em primeiro lugar.


O Equador utiliza dois conceitos: o do salário mínimo e o do salário digno. Explique o seu significado.
Esta é outra mudança bem interessante. Antes as empresas declaravam sua mais-valia, que era posteriormente repartida entre os trabalhadores. Entre as mudanças normativas importantes está o de que nenhuma empresa redistribua essas ganâncias sem antes haver assegurado um salário digno. Hoje o salário básico está em em 329 dólares e o salário digno está em 351. Vamos chegando a este salário com a repartição dos lucros, porque não é justo que acionistas, empresários e trabalhadores recebam a participação nos lucros e resultados sem antes garantir o salário digno. Estamos realmente orgulhosos de que o aparato produtivo equatoriano vai melhorando a qualidade de vida das pessoas porém com trabalho decente, com direitos sociais.


Uma última mensagem ao Brasil e aos brasileiros.
Creio que uma das conquistas deste novo tempo que estamos vivendo na América Latina é que começamos a nos olhar mais, a nos conhecermos melhor. O Equador já não olha mais somente para o Norte, creio que olha muito mais ao Sul. Nossa participação ativa na UnaSul, no Mercosul, na Celac, nas instâncias que estão sendo criadas para fortalecer a verdadeira integração latino-americana, com mecanismos que nos permitem conectarmos e conhecer cada vez mais as experiências positivas desta rota favorável aos nossos povos. São lutas históricas de cada um dos nossos países que estamos resgatando.


Olhamos cada vez mais de perto a experiência brasileira. Para o Equador, a luta que o Brasil tem feito contra a pobreza com o presidente Lula e atualmente com a presidenta Dilma são uma referência. Seria interessante que o Brasil também pudesse conhecer melhor a experiência deste pequeno país andino, que também está na mesma luta e esforço para construir um país que represente a todos os equatorianos, uma Pátria próspera. Somos uma pequena potência turística porque temos todos os climas, além de maravilhas como Galápagos. Queremos que tudo isso potencialize um desenvolvimento equilibrado em Bom Viver para todos. Alguns dizem que o modelo equatoriano é um laboratório destas iniciativas e gostaríamos muito de que o povo brasileiro as possa conhecer.