sexta-feira, 29 de maio de 2015

A DITADURA DE FRANCO UNIU FUTEBOL E POLÍTICA NOS ESTÁDIOS ESPANHÓIS.



Da ditadura ao separatismo, futebol e política caminham de mãos dadas na Espanha

Lado B da bola - Espanha
Na Espanha, futebol e política se misturam como em poucos lugares no mundo
FONTE:André Donke, Guilherme Nagamine, Igor Resende e Jean Santos, do ESPN.
Pela terceira vez em seis anos, Madri pouco se importará com a decisão da Copa do Rei. Isto porque Barcelona e Athletic Bilbao jogarão de novo a a final da disputa, neste sábado, o que já acontecera em 2009 e 2012. O confronto já foi um clássico no futebol doméstico e também representou - e ainda representa - bastante em questões políticas. Na verdade, é difícil imaginar o esporte mais famoso do planeta separado da política na Espanha.
"O povo espanhol é bastante politizado e participativo em questões sociais", contou ao ESPN.com.br o chefe de esportes do jornal catalão "ARA", Toni Padilla, 
Como não poderia deixar de ser, na Espanha, o envolvimento político no futebol sempre foi mais conhecido e refletido por meio do seu grande clássico: Barcelona x Real Madrid.
Embora não fossem tão soberanos quanto são atualmente, os dois clubes apareciam desde o começo do Campeonato Espanhol e da Copa do Rei entre os principais e alternavam títulos com Athletic Bilbao, Valencia, entre outros.
Mais do que a rivalidade no campo, ambos também nutriam uma adversidade fora dos gramados. As diferenças entre os espanhóis da capital e os catalães com seu desejo separatista sempre influenciaram neste cenário e se intensificaram após o Franquismo (período da ditadura no país, leia mais abaixo), que começou logo após o fim da Guerra Civil Espanhola, em 1939 (veja mais abaixo)
A situação política entre Real e Barça é famosa não só na Espanha como no mundo, da mesma forma que o posicionamento do Athletic Bilbao, equipe do País Basco, região que, assim como a Catalunha, luta por sua independência. Porém, o que pode não ser tão conhecido é que a politização vai muito além dos três clubes ou de catalães e bascos com o resto do país ibérico.
Um levantamento feito pelo jornal "Marca" em dezembro de 2014 apresentou 14 torcidas organizadas entre os 20 clubes da primeira divisão que possuem ideologias políticas, independentemente de caráter violento ou não.

Envolvimento político de torcidas no futebol

ClubeNome da torcidaInformações
Atlético de MadriFrente AtléticoÉ uma ala de extrema direita que costuma ocupar o Fundo Sul do Vicente Calderón nas partidas
Athletic BilbaoHerri NorteFundada em 1981, a torcida se declara "101% antifascistas e antirracistas" e teve alguns conflitos com radicais do Porto
BarcelonaBoixos NoisO grupo, que significa caras loucos, em catalão, é de extrema direita, fundado em 1981 e foi expulso do Camp Nou pelo ex-presidente Joan Laporta. Em 2010, membros da torcida foram presos por envolvimento com drogas ilícitas
Celta de VigoCeltarrasÉ uma torcida de mais de 200 pessoas de extrema esquerda e se denomina antifascista. Eles boicotaram o minuto de silêncio em memória de uma policial assassinada em Vigo durante assalto a um banco em novembro de 2014. A atitude foi fortemente condenada pelo clube
CordobaBrigadas BlanquiverdesA torcida, fundada em 1993, é de extrema direita, tem cerca de uma centena de adeptos e causou alguns incidentes nos últimos anos
Deportivo La CoruñaRiazor BluesA torcida é composta por radicais de esquerda e nacionalistas galegos, foi fundada em 1987 e acabou em 2003, depois que um integrante matou um torcedor do próprio Deportivo, chamado Manuel Ríos, que tentou defender um fã do Compostela que era atacado por um grupo de radicais do time de La Coruña. Porém, a torcida voltou meses depois e hoje reúne cerca de 2 mil pessoas em seu espaço no estádio
ElcheJove ElxA organizada é de extrema direita e não tinha boa relação com José Sepulcre Coves, que foi presidente do clube até o fim de abril deste ano
EspanyolBrigadas BlanquiazulesO grupo é de extrema direita e foi um dos grupos de ultras com maior evidência nas décadas de 80 e 90. Os seus símbolos não são permitidos no estádio
MálagaFrente BokerónA torcida é de extrema direita e reúne entre 100 e 200 pessoas no estádio
Rayo VallecanoBukanerosO grupo tem cerca de 700 adeptos, é de extrema esquerda e tem uma ideologia antissistema. Tem problemas com o governo, que o acusa de participar de distúrbios em manifestações, e sua relação também é ruim com o clube
Real MadridUltra SurA organizada é de extrema direita e teve a entrada de muitos membros impedida pelo Real Madrid, que não a reconhece como torcida
Real SociedadPeña MújicaA torcida apareceu na década de 80, tem uma vocação independentista, é de extrema esquerda e mantém relações normais com o clube 
SevillaBiris NorteÉ a organizada mais antiga da Espanha, tendo sido fundada em 1975. A torcida é de extrema esquerda, fica no gol norte do estádio Ramón Sánchez Pizjuán e tem divergências com a diretoria
ValenciaUltra YomusÉ uma torcida com vocação de extrema direita e que foi expulsa do Mestalla em janeiro deste ano

Qual seria, então, o motivo de uma relação tão forte entre política e futebol na Espanha? Na verdade, não é um, são vários. 
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Espanhóis têm protestado por conta dos efeitos da crise econômica no país
Espanhóis têm protestado nos últimos anos
Dois deles são a educação - a Espanha ficou em um ótimo 12º lugar em um ranking mundial de educação da Unesco de 2011 - e o efeito da crise econômica de 2008, que ainda afeta o país. Ao final do primeiro trimestre deste ano, o índice de desemprego era de 23,78%.
"A politização europeia advém do próprio fato de uma população com nível educacional mais elevado", afirmou ao ESPN.com.br o professor de Relações Internacionais da Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), Marcus Vinicius de Freitas. "Tem também o momento de crise econômica. Quando a economia está bem, as pessoas esquecem um pouco da política, mas, quando está mal, elas são mais participativas."
Além disso, a Espanha tem uma concepção diferente em relação à maioria dos países, já que é formada por 17 regiões autônomas (Andaluzia, Aragão, Astúrias, Baleares, País Basco, Ilhas Canárias, Cantábria, Catalunha, Castela-La Mancha, Castela e Leão, Estremadura, Galícia, La Rioja, Comunidade de Madrid, Região de Múrcia, Comunidade Foral de Navarra e Comunidade Valenciana).
Cada uma tem sua identidade cultural e autonomia, o que proporciona características próprias e contribui para um sentimento nacionalista. "Você tem algumas ‘Espanhas' pela própria história. A Espanha é uma unificação de alguns membros que passaram a fazer parte de um conjunto. Só que as entidades nacionais não se perderam ao longo da história", explicou Freitas.
FRANQUISMO (1939-1976) 
Esse sentimento ficou ainda mais forte após o início da ditadura do general Francisco Franco, que passou a governar de forma repressiva e foi um obstáculo em relação à autonomia das comunidades espanholas. Não à toa, o grupo armado ETA (Euskadi Ta Askatasuna - Pátria Basca e Liberdade, em basco) foi fundado em 1959, em meio ao governo militar, com o objetivo de conseguir a independência do País Basco - em 20 de outubro de 2011, após mais de 50 anos de ação, o mesmo anunciou o fim de suas atividades e, desde então, segue inativo.
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Francisco Franco presidiu a Espanha de 1939 a 1975
Franco presidiu a Espanha de 1939 a 1975
"O fato de ter acontecido uma repressão faz com que os indivíduos queiram participar mais para impedir que isso se repita. A repressão deu causa a um envolvimento político maior", declarou o professor da FAAP.
Franco ascendeu ao poder em 1939 após um grupo nacionalista vencer a Guerra Civil. Para isso, precisou da ajuda de Alemanha e Itália. Nos anos posteriores, retribuiu o auxílio aos regimes fascistas durante a Segunda Guerra Mundial.
A política tinha como bases o catolicismo e o anticomunismo, além de se caracterizar por uma forte repressão aos seus opositores. Economicamente, o país ficou estagnado, mas contava com o apoio financeiro dos Estados Unidos em meio à Guerra Fria. Além disso, Franco manteve-se firme na liderança graças ao radicalismo de seu governo, que controlava todos os poderes (Legislativo, Executivo e Judiciário).
A ditadura só acabou após a morte de Francisco Franco, aos 82 anos, em 1975. A partir de então, a Espanha passou a uma democracia parlamentar, teve a liderança do príncipe Juan Carlos I e suas comunidades voltaram a ter maior autonomia. De qualquer forma, um resquício da política do general segue em uma parcela da população.
O presidente da Liga de Futebol Profissional (entidade que organiza o Campeonato Espanhol), Javier Tebas, por exemplo, militou no Fuerza Nova, um partido franquista, durante a década de 70.
O impacto da ditadura também atingiu o futebol, e o nacionalismo espanhol foi para dentro das quatro linhas. Manifestações pró-Catalunha e bandeira da comunidade eram impedidas de marcarem presença nos estádios.
Uma história bem conhecida do futebol espanhol datada de 1943 indica a interferência da política. Após vencer em casa por 3 a 0 o Real Madrid, que ficou conhecido popularmente como o time do Franquismo, o Barcelona foi atropelado por 11 a 1 e acabou eliminado. 
Relatos apontam que um diretor de estado da Espanha visitou armado o vestiário dos catalães antes do jogo e disse "alguns de vocês estão apenas jogando por causa da generosidade do regime, que os perdoou pela sua falta de patriotismo." Além disso, o árbitro da partida estaria claramente apitando a favor dos mandantes.
TEMPOS ATUAIS 
Com o fim do Franquismo e a consequente maior liberdade de expressão na Espanha, as manifestações separatistas passaram a fazer parte do esporte, principalmente envolvendo o País Basco. Dessa forma, não houve um clima pacífico no futebol mesmo após a ditadura. "Hoje não há mais violência (no futebol basco). Já as décadas de 80 e 90 foram a época com mais violência, foi um período muito duro", disse Padilla.
O fim da ditadura e a maior autonomia do País Basco não diminuíram o ímpeto do ETA, que almejava a independência total da região. A situação viria a diminuir só neste século: a organização declarou um cessar-fogo permanente em 2006, mas que não foi cumprido. Uma nova trégua veio em 2011 e segue firme.
Enquanto isso, a realidade foi inversa na Catalunha, que vê o sentimento de emancipação em alta. Uma votação não oficial realizado no fim do ano passado mostrou que 80,7% da população deseja a independência da região.
Em meio a este cenário, Barcelona e Athletic Bilbao decidem a Copa do Rei. Este encontro - pela mesma fase do mesmo torneio - teve um episódio marcante do ponto de vista político em 2009. No momento da execução do Hino espanhol, os torcedores presentes no estádio Mestalla, em Valência, vaiaram, e a televisão pública, que transmite a decisão da competição, abaixou o seu volume para censurar o gesto dos fãs.
Porém, a tendência é que o jogo não envolva grande mobilização pela política, até pelo fato de estar se repetindo com frequência. "Tiveram muitas oportunidades nos últimos anos, é normal já. A maioria dos amistosos das seleções catalã e basca envolve mais como questão política", contou o jornalista, que ainda lembrou que Athletic x Barcelona já foi dérbi.
"Em nível esportivo, havia muita rivalidade. Até a Lei Bosman (criada em 1995 e que fazia os jogadores da União Europeia não contarem como estrangeiros), era um jogo quase como contra o Real Madrid, não havia boa relação. O Athletic brigava mais por títulos, mas foi afetado com a política da Lei Bosman."
De qualquer forma, a final da Copa do Rei de 2015 já causou um mal-estar no Real Madrid, que não quis ceder seu estádio. A vontade dos dois finalistas era jogar a decisão no estádio Santiago Bernabéu, maior, mas, como o clube merengue não é obrigado a disponibilizar sua casa, decidiu não liberá-la, o que lhe rendeu críticas.

quarta-feira, 27 de maio de 2015

AS TVS NÃO PAGAM ICMS..?????.MAS O POVO É OBRIGADO A PAGAR...




Que tal TVs voltarem a pagar ICMS?

Por Helena Sthephanowitz, na Rede Brasil Atual:/ BLOG DO MIRO


Em tempos de ajuste fiscal, quando se procura o equilíbrio entre a arrecadação e as despesas, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), encontrou-se com governadores e propôs incluir na agenda parlamentar o chamado pacto federativo. Na prática, os estados e municípios reclamam uma maior fatia do bolo dos impostos para si, reduzindo a fatia do governo federal.
Mas não há como redistribuir o bolo sem dividir também as responsabilidades pelas despesas definidas na Constituição Federal de 1988. Para citarmos um exemplo, de nada adianta para o cidadão ver verbas aumentadas para o município ao custo da redução de sua aposentadoria paga pelo INSS, um órgão federal.

Assim como o Ministério da Fazenda busca aumentar a arrecadação, seja através do aumento da alíquota da Contribuição Social Sobre o Lucro dos bancos, taxação de importados e retirada de alguns estímulos de desoneração usados para enfrentar a crise mundial, os estados e municípios podem procurar soluções semelhantes.
Um caso claro de perda de receita indevida é a imunidade concedida a grandes empresas de TV e rádio para não pagarem o Imposto de Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Este é um imposto dividido exclusivamente entre estados e municípios e nenhuma parte vai para União.
Nós, que não somos bilionários na revista Forbes, pagamos ICMS na conta de telefone, na conta da banda larga e na assinatura da TV a cabo. Mas as redes de televisão abertas, cujos donos são quase todos bilionários, não pagam nem um centavo de ICMS sobre o que ganham para transmitir a mensagem comercial do anunciante ao telespectador.
Nisto o lobby dos "barões da mídia" sempre foi forte dentro do Congresso Nacional. Quando parlamentares não são os próprios donos de tvs e rádios, quase sempre preferem bajular os donos da mídia concedendo estas benesses legislativas.
Na Constituição imposta pela ditadura, de 1967, competia à União instituir imposto sobre serviços de transporte e comunicações. Assim a radiofusão comercial deveria pagar o Imposto sobre Serviços de Transportes e de Comunicações - ISTC. Os anos se passaram e nada de regulamentar a lei para cobrar o imposto das emissoras. Só no apagar da luzes da ditadura, em 20 de dezembro de 1984, o Decreto Lei nº 2.186 regulamentou, mas não para cobrar, e sim isentando a televisão e o rádio.

Com a redemocratização, a Constituição Federal de 1988 passou este imposto para competência estadual. Os serviços de comunicação comercial passariam a pagar o ICMS, inclusive as emissoras abertas sobre os anúncios que veiculassem, apesar de muitas tentativas de interpretar juridicamente que o imposto não alcançaria a radiofusão.
O lobby da mídia voltou-se para as Assembleias Legislativas e para os governadores. Vamos pegar o exemplo do que ocorreu no Rio de Janeiro, sede da maior rede nacional de televisão. A lei estadual nº 1423, de 27 de janeiro de 1989, estendeu para a radiofusão a imunidade que a Constituição Federal só dava aos jornais, livros e revistas.
Quando Leonel Brizola assumiu o governo fluminense pela segunda vez, ingressou com uma Ação de Inconstitucionalidade, Adin 773, no Supremo Tribunal Federal, em 1992, contestando, pois imunidade tributária só poderia ser concedida a partir da Constituição Federal. O pleno do STF julgou em caráter liminar favorável ao governo do Rio, mas a tramitação do julgamento definitivo levou mais de duas décadas.
A ação ficou parada na gaveta do Procurador Geral da República para vistas de outubro de 1994 até fevereiro de 2002, quando finalmente Geraldo Brindeiro devolveu com o parecer pela inconstitucionalidade.
Em junho de 2002, houve troca de relator. Saiu da mãos do ministro Neri da Silveira e caiu nas mãos do ministro Gilmar Mendes. Pouco mais de ano depois, Mendes liberava a ação para entrar em pauta para julgamento, conforme publicado no Diário Oficial do dia 01 de agosto de 2003.

Mas a ação inexplicavelmente ficou engavetada por mais 11 anos sem nenhuma tramitação até ser julgada. Os ex-presidentes do STF Maurício Corrêa, Nelson Jobim, Ellen Gracie, o próprio Gilmar Mendes, Cezar Peluso, Ayres Britto e Joaquim Barbosa não colocaram em julgamento. Só foi julgada em 20/08/2014 em sessão presidida pelo ministro Ricardo Lewandovsky.
Pausa para uma curiosidade. Como o mundo é pequeno, o filho do ex-ministro Joaquim Barbosa veio a trabalhar recentemente na produção do programa de Luciano Huck da TV Globo. Alexandre Kruel Jobim, filho do ex-ministro Nelson Jobim, foi diretor corporativo do grupo RBS, que possui canais de TV afiliados da Rede Globo no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina.
O julgamento do STF deu ganho de causa por unanimidade para o governo do Rio poder cobrar ICMS de emissoras como a TV Globo, Record, SBT, Bandeirantes, etc. Mas a decisão chegou tarde demais, já não produzindo nenhum efeito.

Em 27 de junho de 2003, antes do ministro-relator Gilmar Mendes colocar a ADIn de Brizola em pauta para julgamento, o ex-deputado paranaense André Zacharow apresentou uma emenda à PEC da Reforma Tributária (41/2003) que colocava na Constituição Federal a imunidade ao ICMS das TVs abertas e rádios.
Pausa para outra curiosidade. Zacharow foi eleito em 2002 pelo PDT de Brizola e ainda era filiado a este partido quando apresentou a PEC. Depois migrou para o PMDB tornando-se aliado de Roberto Requião até hoje. O ex-governador do Paraná, em 2004, queria acabar com a imunidade do papel jornal à cobrança do ICMS.
Em 19 de dezembro de 2003, a PEC 41/2003 estava aprovada e, desde então, os estados não podem mais cobrar ICMS sobre a veiculação de anúncios comerciais nas rádios e TVs abertas.

Se em 2003 algumas empresas de mídia estavam em grave crise financeira, hoje grandes emissoras de TV têm lucros exorbitantes. A família Marinho, dona da TV Globo, ostenta a maior fortuna do Brasil segundo a revista Forbes. Não há mais motivo para desfrutar de um privilégio tributário que outras empresas não tem. É hora de revogar na Constituição a imunidade que a emenda do ex-deputado Zacharow criou.

segunda-feira, 25 de maio de 2015

CORRUPÇÃO: PAU-DE-SELFIE DO MOMENTO.

A indignação, assim como o vestido branco e dourado, passou, talvez porque surgiu assunto mais quente

Texto-fonte-original:GREGORIO DUVIVIER

NUNCA TINHA ouvido falar em temaki até 2007. Do dia para noite pipocaram dezenas de temakerias, que logo em seguida deram lugar a iogurterias, que por sua vez logo fecharam as portas para dar lugar às paleterias --sim, o raio gourmetizador atingiu os picolés. Especialistas antecipam que vem aí uma onda de tapioquerias, embora tenha havido rumores de que a yakisoberia vem com tudo no verão.
Houve um tempo em que só se falava do pau-de-selfie (revisores: sei que os gramáticos divergem sobre esse hífen, mas vamos hifenizar porque o hífen é uma espécie de pau-de-palavra). Embora já existisse faz muito tempo --desde Rembrandt, dizem--, o pau-de-selfie voltou com tudo em janeiro de 2015. Capas de revista, milhões de tuítes, posts, reportagens, promoções do Mercado Livre.
A assessoria de imprensa do pau-de-selfie era espetacular. Nunca um pau fez tanto sucesso no país desde o pau-brasil. Surgiram desdobramentos, como o pé-de-selfie, para quem usava o pé na falta de um pau, e a selfie-de-pau, autoexplicativa. Assim como surgiu, sumiu. Não o pau em si, mas o assunto-pau --basta ir à praia para ver que o pau segue firme e forte, de cabeça erguida.
Em seu lugar, surgiram novos assuntos-de-um-mês-ou-menos. O vestido --que para mim era azul e preto, mas na verdade revelou-se branco e dourado, ou talvez fosse o contrário-- teve umas duas semanas de glória. Amizades se desfizeram: "É azul e preto, imbecil!". "Claro que não, babaca. Qualquer idiota sabe que é preto e dourado." Isso também passou.

Meu amigo Henrique Goldman vem ao Brasil de seis em seis meses. Ficou assustadíssimo quando chegou aqui em março e só se falava de corrupção --como se fosse uma novidade recém-importada da China. Concluiu brilhantemente: "A corrupção é o novo pau-de-selfie". A indignação, assim como o vestido branco e dourado, também passou, talvez por causa da eclosão de escândalos incriminando os mesmos que capitaneavam a indignação, talvez porque surgiu um assunto mais quente: a pão-de-queijeria. Ou talvez fosse o dubsmash. Ou o food truck.

No momento em que escrevo, o pau-de-selfie da vez é a redução da maioridade penal. Descobriram que a verdadeira causa da violência no país é o conforto excessivo que damos às crianças de rua. "Mata! Prende! Esquarteja!". O fascismo é o novo food truck.
O buraco é mais embaixo do que o mês que a gente dedica aos assuntos nos deixa perceber. Calma que nem tudo é tão preto no branco, nem tão preto e azul, nem tão branco e dourado.

quarta-feira, 6 de maio de 2015

PANELAÇO BURGUÊS DA GLOBO FRACASSOU....

Desde que a rede globo começou está campanha sistemática para derrubar o governo da presidenta Dilma ,ainda no ano passado, nunca uma emissora de TV do porte da Globo foi tão ao fundo do poço por interesses particulares , como está acontecendo neste momento , pois filmar manifestações isoladas contra o governo chega a ser bizarro, pois dois ou três manifestante batendo panelas durante pronunciamento partidário ou da própria presidenta como já ocorreu é de uma falta de criatividade e de senso de bizarrice tão estupido como dizer que as políticas antissemita de Hitler estavam corretas.




A rede globo ao filmar estes pouco burgueses em apartamentos luxuosos demonstra que sua audiência caiu muito, pois alguns destes condomínios possuem mais mil apartamentos de luxo e apenas um ou dois estavam apagando e acendendo as luzes, ou mesmo batendo as poucas panelas que tinham, pois gente rica não possui panelas.Ao tentar mostrar o fracasso do governo a rede globo mostrou seu próprio fracasso.

O panelaço é uma tática usada na Argentina pela população pobre contra a falta de alimento, durante as crises ocorrida por lá, pois as medidas neoliberais, adotadas por alguns governos, levou a argentina a um colapso no abastecimento de alimentos nos anos 90 e década seguinte, a população revoltada saiu as ruas com suas panelas para mostrar que estavam vazias ,  que estavam passando fome, muito diferente da nossa elite burguesa, que se manifesta contra o governo brasileiro, para obter mais regalias e privilégios .

Aqui meia duzia de burguês com suas barrigas cheia inclusive de celulite , fica em seus apartamentos luxuosos, cercado de todo tipo de conforto e segurança, batendo baixelas de prata, para chamar atenção da mídia e ter repercussão no JN da rede globo, pois a mesma combina por meio de redes sociais este tipo de evento. 

Estes burguese elitizados tem algo em comum, o recalque ao estilo nazista, pois são racistas, e muitos deles usam e abusam do trabalho domestico servil, de pessoas de classe D, que a partir do governo Lula ganharam uma atenção especial, com a valorização da carteira assinada , valorização do salario mínimo e aumento da oferta de trabalho, ou seja , a elite acostumada a praticamente escravizar pessoas como doméstica, tem que assinar a carteira e respeitar seus direitos trabalhistas, além de ter que pagar um bom salario , pois se não perde o funcionário doméstico.

A elite além de disputar espaço em escolas, hospitais, shoping, aeroportos , portos , avenidas, praias com a classe C e D, também perde espaço nas decisões politicas, pois a cidadania da população menos privilegiada começou de fato a ser respeitado nos governos Lula e Dilma, talvez por isso que não vemos panelaço na periferia e nos bairro mais humildes, pois estes sabem muito bem quem mudou suas vidas e seu futuro.