Dois Raul: cotas do Carrion e telefones do Pont
Postado por Juremir em 5 de dezembro de 2012 - Política
Entre os bons deputados estaduais do Rio Grande do Sul estão os dois Raul.
Raul Pont (PT) e Raul Carrion (PCdoB).
São homens sérios, combativos e persistentes.
Raul Pont fez aprovar uma lei para impedir que as operadores de telefone possam continuar cobrando a safadeza da tarifa básica, uma taxa de consumação indisgesta, injusta, oportunista e sacana.
O outro Raul, o Carrion, aprovou faz algumas dias uma lei de cotas para negros em concursos públicos no Rio Grande do Sul.
Está na mão do governador, que certamente sancionará.
Os racistas, os defensores de privilégios, os falsos universalistas, os que ignoram dívidas históricas e os darwinistas sociais estão contra a lei das cotas aprovada por unanimidade na Assembleia Legislativa do RS.
É quase lei: toda vez que alguém defende uma racionalidade abstrata, em nome de um universalismo de princípio, está tentando proteger interesses particulares e a manutenção da desigualdade de preparação para disputas.
Concursos em situações de flagrante e histórica falta de equivalência nas condições de preparação são mecanismos de reprodução da hierarquia social e instrumentos de perpetuação da desigualdade estrutural.
Essa é a falácia da meritocracia em sistemas de disparidade educacional.
A astúcia da dominação consiste em inventar procedimentos aparentemente neutros, racionais, universais e abstratos para reproduzir condições que beneficiam interesses particulares, concretos, de uma racionalidade perversa e absolutamente comprometidos com a exclusão da maioria da população.
A tarifa básica de telefones é uma astúcia da ganância.
As cotas são um mecanismo doloroso contra a astúcia da meritocracia.
Os dois Raul sabem disso.
A Assembleia Legislativa marcou dois gols ao aprovar suas propostas.
O resto é choro de quem vê seus privilégios esvaindo-se.
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