segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

O BOLSA FAMÍLIA NOS EUA É EXCLUDENTE ENQUANTO NO BRASIL É O CONTRARIO.


VEJA O ARTIGO DO THE NEW YORK TIMES  E COMPARE COM PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA NO BRASIL: O NOSSO É MUITO MAIS AVANÇADO , POIS INCLUI AS CRIANÇAS E LÁ (EUA) EXCLUI.


Para continuar em programa de assistência a deficientes intelectuais, famílias carentes mantêm analfabetismo dos filhos nos EU

The New York Times 
Nicholas D. Kristof
Em Jackson, Kentucky (EUA

  • Jonat Courtney Trent (dir.), da Save the Children, realiza visitas domiciliares a mães carentes nos EUA, com o  propósito de ajudá-las a estimular as habilidades de que elas necessitam para desempenhar a tarefa de criar um filho. As visitas domiciliares se iniciam durante a gravidez e continuam até que a criança complete 3 anos de idadeCourtney Trent (dir.), da Save the Children, realiza visitas domiciliares a mães carentes nos EUA, com o propósito de ajudá-las a estimular as habilidades de que elas necessitam para desempenhar a tarefa de criar um filho. As visitas domiciliares se iniciam durante a gravidez e continuam até que a criança complete 3 anos de idade
Às vezes, a cara da pobreza nos Estados Unidos se apresenta dessa forma: pais da região montanhosa dos Apalaches retirando seus filhos das aulas de alfabetização. As mães e os pais dessa parte do país temem que, caso seus filhos aprendam a ler, eles terão uma probabilidade menor de se qualificar para receber o cheque mensal entregue àqueles que têm algum tipo de deficiência intelectual.
Muitas das pessoas que moram em casas móveis nas encostas locais são pobres e desesperadas, e o cheque mensal no valor de US$ 698 por criança, pago pelo programa de Renda Previdenciária Suplementar, representa uma ajuda e tanto – e esses pagamentos continuam sendo enviados às famílias até que a criança complete 18 anos.
“As crianças são retiradas do programa de alfabetização porque os pais podem perder o cheque caso elas continuem”, disse Billie Oaks, que dirige um programa de alfabetização em Breathitt County, região pobre do Estado norte-americano do Kentucky. “É de partir o coração”.
É doloroso para um liberal admitir isso, mas os conservadores têm razão quando sugerem que a rede de proteção social norte-americana pode ocasionalmente aprisionar as pessoas em uma dependência avassaladora. Nossos programas de combate à pobreza resgatam muitas pessoas da miséria, mas, às vezes, produzem efeitos negativos.
Alguns jovens dessa região não servem as forças armadas (que representam a rota de fuga tradicional para os norte-americanos pobres e residentes em áreas rurais), pois é mais fácil contar com os vales-alimentação e os pagamentos relacionados a deficiências.
Os programas de combate à pobreza também desestimulam o casamento: em um programa como o como o Renda Previdenciária Suplementar, cujo critério básico repousa sobre as condições financeiras dos beneficiários, uma mãe que esteja criando seu filho pode receber uma quantia maior do governo se não se casar com aquele cara trabalhador de quem ela gosta. No entanto, o casamento é uma das melhores saídas para reduzir a pobreza. Nas casas mantidas por casais, apenas uma criança em 10 cresce na pobreza, enquanto que, nas casas mantidas apenas pela mãe, quase a metade das crianças cresce na pobreza.
Mais angustiante ainda são os pais que acreditam que é melhor que a criança permaneça analfabeta, pois, assim, a família conseguirá reivindicar um cheque-deficiência todos os meses.
“Uma das maneiras de entrar para esse programa é ter problemas na escola”, observa Richard V. Burkhauser, economista da Universidade de Cornell, um dos autores de um livro sobre os programas de subsídio a deficientes lançado no ano passado. “Se você vai bem na escola, você ameaça a renda dos pais. É um incentivo terrível”.
Aproximadamente quatro décadas atrás, a maior parte das crianças abrangidas pelo programa de Renda Previdenciária Suplementar tinha graves deficiências físicas ou retardo mental, condições que dificultavam que seus pais se mantivessem empregados. E elas perfaziam cerca de 1% de todas as crianças pobres dos EUA. Mas, atualmente, 55% das deficiências que o programa abrange são incapacidades intelectuais um tanto indefinidas, que não chegam a configurar retardo mental e para as quais o diagnóstico é menos claro. Mais de 1,2 milhão de crianças norte-americanas – um total de 8% de todas as crianças de baixa renda – estão atualmente inscritas no programa de Renda Previdenciária Suplementar como deficientes, o que gera um custo anual de mais de US$ 9 bilhões.
É claro que isso é um fardo para os contribuintes, mas pode ser ainda pior para as crianças cujas famílias têm um interesse enorme em seu fracasso escolar. Essas crianças podem não se recuperar nunca mais: um estudo de 2009 descobriu que, quando completam 18 anos, quase dois terços dessas crianças fazem a transição para o programa de Renda Previdenciária Suplementar para adultos deficientes. Elas podem nunca chegar a ter um emprego durante toda a vida e estão condenadas a uma existência de pobreza patrocinada pelo seguro-desemprego – e esse é o resultado de um programa destinado a combater a pobreza.
Não há dúvida de que, para algumas famílias que têm crianças com graves deficiências, receber os cheques do programa Renda Previdenciária Suplementar é vital. Mas a conclusão é que não deveríamos tentar combater a pobreza com um programa que, às vezes, é usado para perpetuá-la.
Uma funcionária do distrito escolar local, Melanie Stevens, explica a situação da seguinte maneira: “O maior desafio que enfrentamos no papel de educadores é descobrir como conseguiremos quebrar essa dependência do governo. Na segunda série, eles têm um sonho. Na sétima série, eles têm um plano”.
Sempre há o perigo de tirarmos conclusões inflexíveis demais a respeito de um problema – o combate à pobreza – que é tão complexo quanto os próprios seres humanos. Eu não sou especialista em pobreza doméstica. Mas, para mim, uma lição empírica que se pode tirar dessa questão é a seguinte: apesar de precisarmos de redes de seguridade social, o foco deve se voltar para a geração de oportunidades – e, o que é ainda mais difícil, para a criação de um ambiente que faça com que as pessoas aproveitem as oportunidades que lhes são apresentadas.
Para tentar descobrir o que isso pode significar, eu acompanhei o trabalho da Save the Children, uma organização de assistência que, na cabeça da maioria de nós, atua apenas em países como Sudão ou Somália. Mas a Save the Children também atua para criar oportunidades aqui nos Estados Unidos, em lugares como a casa móvel de Britny Hurley – e a organização oferece um modelo daquilo que realmente funciona.
Hurley, 19, é amável e fala rapidamente com um forte sotaque das colinas, de maneira que, às vezes, eu tinha dificuldade para entendê-la. Hurley diz que ela foi estuprada por um membro de sua família quando tinha 12 anos, e que, em seguida, outro membro da família a apresentou aos narcóticos. Hurley diz que ficou viciada principalmente em analgésicos, que são amplamente traficados na região.
Dotada de uma inteligência afiada, Hurley já quis ser médica. Mas seus vícios e sua natureza rebelde fizeram com que ela fosse expulsa da escola durante o ensino fundamental. E, aos 16 anos, ela se envolveu com um namorado e logo teve um bebê.
No entanto, existem formas de quebrar esse ciclo. Isso é o que a Save the Children está fazendo na região: a organização trabalha com as crianças enquanto elas ainda são maleáveis, numa abordagem que deve funcionar como peça central do programa de combate à pobreza dos EUA. Quando a questão é pobreza, a resposta quase sempre está nas crianças.
A Save the Children treina membros da comunidade para que façam visitas domiciliares a mães em situação de risco, como Hurley, e para que ajudem a estimular as habilidades de que elas necessitam para desempenhar a tarefa mais difícil do mundo: a tarefa de criar um filho. Essas visitas domiciliares se iniciam durante a gravidez e continuam até que a criança complete 3 anos de idade.
Acompanhei Courtney Trent, 22, que é uma das coordenadoras do programa para a primeira infância, em suas visitas a várias casas. Ela incentiva as mães (e os pais, caso eles estejam por perto) a ler para as crianças, a contar histórias, a conversar com elas e a abraçá-las. Se os pais não sabem ler, Trent os estimula a virar as páginas de livros ilustrados e falar sobre o que estão vendo.
Em cada visita, Trent leva alguns livros – e traz de volta aqueles que havia deixado em sua visita anterior. Muitas das casas visitadas por ela não possuem nenhum livro infantil.
Ela se sentou no chão da sala de estar de Hurley, tirou um livro de sua bolsa e incentivou-a a ler para seu filho de 20 meses, Landon. Hurley disse que, quando ela era criança, ninguém nunca leu para ela. E afirmou que está determinada a mudar esse padrão.
“Eu só quero que ele vá para a escola”, disse ela a respeito de Landon. “Eu quero que ele vá para a faculdade e que saia deste lugar”. Hurley disse que não está mais usando drogas e que está trabalhando em tempo integral em uma lanchonete fast food da rede Wendy’s. Além disso, ela espera voltar para a escola e se formar enfermeira. Eu apostaria nela – e em Landon.
“Quando as crianças vêm até nós por meio desse programa e frequentam nossa escola, conseguimos perceber uma grande diferença”, disse Ron Combs, diretor da escola primária Lyndon B. Johnson, também localizada na região dos Apalaches. “Dessa forma, elas ficam realmente preparadas. Caso contrário, as crianças ficam tão atrasadas que têm dificuldade para se recuperar depois”.
“Quando elas estão no segundo ou no terceiro ano do ensino básico, já dá para ter uma boa ideia de quem vai abandonar a escola”, acrescentou ele.
Um grupo de professores estava na sala enquanto eu conversava com Combs, e todos eles concordaram com as afirmações do diretor. Wayne Sizemore, diretor de educação especial em Breathitt County, explica a situação dessa forma: “Quanto mais cedo nós conseguirmos atraí-los, melhor. É como construir o alicerce de uma casa”.
Eu não pretendo sugerir que os programas de combate à pobreza dos EUA são um fracasso total. Pelo contrário, eles estão fazendo uma diferença significativa. Hoje, quase todas as casas aqui da região montanhosa dos Apalaches têm energia elétrica e água corrente, e as pessoas não estão morrendo de fome.
O nosso sistema político criou uma rede de seguridade social especialmente sólida para os idosos, com foco na Previdência Social e no Medicare, pois os idosos votam. Essa rede de seguridade social fez baixar a taxa de pobreza entre os idosos de aproximadamente 35% em 1959 para menos de 9% hoje em dia.
Como as crianças não têm voz política, elas têm sido negligenciadas – e substituíram os idosos como o grupo etário mais pobre de nosso país. Hoje, 22% das crianças vivem abaixo da linha da pobreza.
Entre as famílias norte-americanas que hoje vivem na pobreza, oito de cada 10 têm ar condicionado e a maioria tem máquina de lavar e secadora. Quase todas as famílias têm fornos de micro-ondas. O que elas não têm é esperança. Dá para perceber isso aqui na cidade de Jackson, nas adolescentes que circulam pela ponte localizada sobre a bifurcação norte do rio Kentucky. Nesse local, elas tentam negociar seus corpos em troca de analgésicos ou metanfetaminas.
Um crescente conjunto de pesquisas realizadas com bastante rigor sugere que a estratégia mais eficaz para evitar esse tipo de situação é trabalhar desde cedo com as crianças e investir em sua educação – além de tentar estimular e apoiar o casamento. Aplausos ao prefeito Juliano Castro, de San Antonio, por ele ter apoiado uma iniciativa que se tornou referência: Castro determinou a adição de um oitavo de 1% ao imposto de consumo local para financiar um programa de pré-jardim de infância. Intervenções precoces não são uma bala de prata, e até mesmo programas que se mostram bem-sucedidos durante fases experimentais muitas vezes não funcionam quando ampliados para públicos maiores. Mas nós acabamos pagando pela pobreza de uma maneira ou de outra, e a educação precoce, adotada já na primeira infância, é muito mais barata do que o encarceramento de adultos. Eu espero que as negociações orçamentárias realizadas em Washington sejam capazes de nos oferecer uma oportunidade para retirar dinheiro do programa de Renda Previdenciária Suplementar e, em vez disso, investir em iniciativas de educação infantil. Uma das razões pelas quais as iniciativas anti-pobreza não avançam nos EUA é o fato de a questão ser simplesmente invisível.
“As pessoas não querem falar sobre a pobreza na América”, disse Mark Shriver, que gerencia os programas nacionais da Save the Children, enquanto percorríamos o estado do Kentucky. “Falamos mais sobre a pobreza na África do que sobre a pobreza na América”.
Na verdade, durante a campanha eleitoral de 2012, a questão da pobreza quase não foi mencionada. Um estudo realizado pela Fairness & Accuracy in Reporting, órgão de fiscalização liberal, conseguiu detectar discussões sérias a respeito da pobreza em apenas 0,2% das notícias de campanha.
Não existe uma solução mágica para a questão, e ajudar as pessoas é difícil. Uma mulher que conheci, Anastasia McCormick, me disse que seu carro de US$ 500 havia quebrado e que ela tinha de caminhar mais de 6 km para ir e voltar do trabalho em uma pizzaria. E essas caminhadas vão ficar cada vez mais difíceis, pois ela está grávida de gêmeos que devem nascer em abril.
Em algum momento da gravidez, McCormick não será capaz de manter seu emprego e, então, terá dificuldade para pagar suas contas. Ela alugou uma máquina de lavar roupa e uma secadora, mas está com os pagamentos atrasados e, por isso, os aparelhos poderão ser retirados de sua casa em breve. “Eu recebi um aviso de que eles vão cortar o fornecimento de energia elétrica para a minha casa”, acrescentou ele, “mas, quando isso acontece, eles dão um mês para que a gente pague a conta”. A vida dela é assim, uma montanha-russa que foi construída, em parte, por ela mesma.
Eu não quero descartar ninguém, mas admito que os esforços para ajudar McCormick podem ter um resultado não muito claro. E quanto aos gêmeos que ela está esperando? Há tempo para transformar a vida deles, e eles – assim como milhões de crianças como eles – devem ser uma prioridade nacional. Eles são pequenos demais para fracassar.

O NOSSO PREFEITO DE TODOS DIAS....

O político mais próximo do cidadão, não é o presidente da republica, senador ,deputados, governadores, ministros , mas sim o Prefeito de nossa cidade, pois ele é o mandatário de cargo executivo que pode decidir muita coisa em nossas vidas, a começar pelos impostos (IPTU) e continuar com o saneamento básico, água ,iluminação publica, transporte local, moradias, limpeza urbana,recolhimento do lixo, plano diretor da cidade, parques e praças para lazer, comanda a educação do ensino fundamental etc.

O Prefeito municipal, se analisarmos de forma correta e transparente deveria ser um sujeito totalmente neutro após o pleito municipal, esquecer os conflitos politiqueiros que fazem parte da eleição e dedicar os quatro anos de seu mandato 24 horas por dia a seus munícipes, e não aos seus eleitores, pois ele não administrará só 55%, 60% ,menos ou mais dos que elegeram, pois tem cidades com menos de 200 mil eleitores no qual concorreram muitos candidatos, o prefeito se elegeu com 23% dos votos da população.

O que ocorre no Brasil é bem diferente, o Prefeito eleito no primeiro mandato já assume pensando na reeleição e se for reeleito já pensa em fazer o sucessor, desta forma o seu mandato acaba sendo marcado por certos favores, cabide de emprego, medidas populares,mas que prejudicam a saúde da administração, e muitas vezes seu secretariado é formado por uma "salada de fruta" de partidos políticos que apoiaram durante a eleição ou que poderão vir a apoia-lo na próxima.

Os munícipes, aqueles que deveriam ser o objetivo exclusivo das decisões do prefeito minicipal, bom estes acabam em 3° ou 4° plano , porém creio que o administrador municipal que possui como prioridade absoluta o bem estar do cidadão, com certeza ele se reelegerá ou fará seu sucessor sem maiores esforços, não precisará conluios políticos ou conchavos para tornar isto possível.

Amanhã milhares de prefeitos estarão tomando posse pelo Brasil, e milhões de cidadãos estarão a mercê dos atos administrativos destes "bons e maus" políticos, nossas vidas cotidianas poderão ser afetadas positivamente, se o administrador for consciente, honesto, responsável e visionário para prever racionalmente o futuro da cidade, e adotar as medidas administrativa correta. 

Não quero  imaginar dos prefeitos atitudes inversa a esta ,pois nós munícipes queremos imaginar o melhor para nossa cidade e o melhor as vezes não é o mais popular e sim o mais correto e racional.

Desejo a todos prefeitos muito sucesso em suas futuras administrações, que sejam guiados pela sabedoria , ouçam a população, não façam politicagem com o dinheiro publico e tomem medidas certas sem ferir a constituição e torne a vida dos seus munícipes mais fácil e menos complicada , pois assim estarão ajudando no desenvolvimento e progresso do país... boa sorte a todos prefeitos.




sábado, 29 de dezembro de 2012

OS TUCANOS RECALCADOS EXIGEM AS DEMISSÕES.


Resenha de ‘A privataria tucana’ causa demissão de jornalista na revista da Biblioteca Nacional


A demissão de dois profissionais da revista de História da Biblioteca Nacional semanas após a publicação de uma resenha favorável ao livro “A Privataria Tucana”, do jornalista Amaury Ribeiro Jr – fato que despertou a ira de parlamentares do PSDB, alvo de denúncias na obra – colocou o veículo no centro de uma polêmica sobre uma suposta intervenção do partido no caso. A demissão foi apontada na imprensa na coluna do jornalista Elio Gaspari, na Folha de S.Paulo, da quarta-feira 28.  

Publicado em 24 de janeiro, o texto do jornalista Celso de Castro Barbosa foi alvo críticas de tucanos, que liderados pelo presidente do PSDB, Sérgio Guerra (PE), ameaçaram processar a publicação, editada pela Sociedade de Amigos da Biblioteca Nacional (Sabin) e que da Biblioteca Nacional recebe apenas material de pesquisa e iconografia.

Como resultado, a revista retirou a resenha do ar. “Fui censurado e injuriado”, diz o jornalista em entrevista a CartaCapital.

Barbosa destaca que a remoção do texto ocorreu apenas “após o chilique do PSDB” em 1º de fevereiro, nove dias depois da publicação em destaque na primeira página do site da revista. O motivo seria uma nota divulgada em um jornal carioca, segundo a qual a cúpula do partido estava “possessa” com a revista, tida pela legenda como do governo.

A evidente pressão externa fez com que o jornalista recebesse um chamado do editor-chefe da publicação, Luciano Figueiredo, naquele mesmo dia. “Ele [Figueiredo] disse concordar com quase tudo que havia escrito, mas o Gustavo Franco [ex-presidente do Banco Central no governo FHC] leu, não gostou e resolveu mobilizar a cúpula tucana.”  

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

SENADORES : "Faça o que eu digo, mas não o que eu faço"


Na tribuna em Brasília, todos os senadores se manifestaram no sentido de repudiar os exagerados adicionais que recebem através dos 14º e 15º salários, mas apenas 12 parlamentares tiveram coragem de devolver o benefício

senadoreunido
Veja como eu voto, mas não veja o que eu faço. Esse é o lema do Senado Federal quando o assunto é a mordomia do 14º e 15º salários. Na segunda-feira, 72 dos 81 parlamentares embolsaram R$ 26,7 mil referentes ao 14º. Dias depois, três deles decidiram devolver a regalia, totalizando 12 que desistiram de receber.
O 15º será pago em fevereiro. Os senadores aprovaram por unanimidade o projeto que extingue o benefício, em 9 de maio, mas a proposta está parada na Câmara dos Deputados. Só após passar por duas comissões, e ser votado em plenário pelos deputados, o projeto voltará ao Senado para promulgação.
Conforme informação repassada oficialmente pela assessoria de imprensa do Senado, os nove parlamentares que inicialmente não aceitaram receber foram: Ana Amélia (PP-RS), Ana Rita (PT-ES), Cristovam Buarque (PDT-DF), João Capiberibe (PSB-AP), João Ribeiro (PR-TO), João Vicente Claudino (PTB-PI), Pedro Taques (PDT-MT), Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) e Rodrigo Rollemberg (PSB-DF).
Na quinta-feira, o Senado encaminhou uma nova lista. Um dia após receber o dinheiro, o relator do projeto, senador Lindbergh Farias (PT-RJ), encaminhou ofício à Diretoria Geral do Senado informando que devolveria o valor depositado em conta-corrente. “Solicito que sejam adotadas as devidas providências para que sejam devolvidos aos cofres públicos os proventos referentes ao 14º e 15º salários pertinentes ao senador”, diz o documento.
Dois dias depois, os senadores Waldemir Moka (PMDB-MS) e Walter Pinheiro (PT-BA) também encaminharam ofício pedindo o estorno.
No microfone
Todos os outros senadores, mesmo votando e declarando publicamente ser contra a regalia, não abriram mão do extra no fim do ano. Durante a votação do projeto em plenário, todos os partidos fizeram uma defesa veemente da necessidade de abolição dos rendimentos adicionais. Nos microfones, alardearam o absurdo e a vergonha de receberem dois salários a mais do que qualquer trabalhador brasileiro. Mas a prática se encarregou de mostrar que a história é bem diferente.
O senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), por exemplo afirmou, em maio, que os extras se transformaram em uma enorme distorção, mas não abriu mão de receber a regalia agora. “Não faz nenhum sentido que nós, senadores, tenhamos o que popularmente consagrou-se como 14º e 15º, nos distanciando da grande maioria dos trabalhadores brasileiros”, afirmou, na época. Eduardo Suplicy (PT-SP) chegou a sugerir, durante a tramitação do projeto, que os adicionais fossem depositados num fundo de combate à pobreza.
Os senadores que receberam o 14º na segunda-feira ainda podem abrir mão de ganharem o 15º daqui a dois meses

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

GOVERNO GAÚCHO VAI DISTRIBUIR 22 MIL TABLETS PARA PROFESSORES.





RS vai distribuir 1 tablet para cada professor do ensino médio

Com o objetivo de disponibilizar aos professores o acesso às novas tecnologias, o governo do Rio Grande do Sul vai distribuir, em março de 2013, 22 mil tablets para docentes do ensino médio das escolas estaduais. O investimento de R$ 10 milhões faz parte do programa federal Proinfo, com contrapartida de R$ 6 milhões do Ministério da Educação (MEC).

De acordo com a Secretaria Estadual de Educação, os aparelhos serão oferecidos para todos os professores de carreira do ensino médio. Os contratos emergenciais ficarão de fora do programa.

Os tablets são fabricados pela Positivo e são equipados com o sistema Android 4.0, além de câmera frontal para filmagem e fotografia. A tela é de 10 polegadas e o aparelho oferece acesso wi-fi e 3G. A capacidade de armazenamento mínima é de 16 GB.

O anúncio da compra dos tablets foi feito pelo secretário estadual da Educação, Jose Clovis de Azevedo, em coletiva à imprensa na quarta-feira para fazer um balanço das atividades ao longo de 2012. 

Azevedo aproveitou para responder às críticas ao não cumprimento do piso nacional do magistério pelo Estado e destacou  que neste ano os educadores tiveram reajuste superior a 16%. Ele ainda anunciou a realização de concurso público, no próximo ano, para o preenchimento de vagas de funcionários de escolas e criação de novos quadros, como técnico em nutrição e agente financeiro

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

O CAMINHO ESCOLHIDO PELO STF EM ARTIGO DE TARSO GENRO.



UMA VERDADEIRA AULA DE DIREITO SOBRE STF NESTE ARTIGO DE TARSO GENRO.


Na introdução ao seu “Berlim Alexanderplatz” (1929) o grande escritor Alfred Döblin, da mesma estatura intelectual — artística e moral — de Thomas Mann, disse que escrevia um livro sobre o personagem Franz Biberkopf, que representava os que habitam uma pele humana e com os quais acontece “querer mais da vida do que pão e manteiga”.


Lembro esta passagem lapidar da introdução de Döblin, porque sendo parte do grupo de dirigentes históricos minoritários no PT — desde a época que ocorreram os fatos que originaram a Ação Penal 470 — e tendo assumido a presidência do Partido num momento difícil da sua existência afirmei, em diversas oportunidades, que nenhum partido era uma comunidade de anjos. O que era afirmar o óbvio num momento em que dizer o óbvio parecia uma agressividade contra o meu próprio Partido.


Passados vários anos daquele fato e quase terminado o julgamento daquela Ação Penal, é bom retomar o fio da história presente para refletir, no período que se convenciona planejar o “ano novo”, sobre o futuro da esquerda e do PT. Pensar também sobre o futuro do nosso país, que nos últimos dez anos vem sofrendo grandes transformações econômico-sociais.
Brasil novo sujeito político no cenário mundial; Brasil tirando da miséria 40 milhões de pessoas; Brasil com os sindicalistas, os “sem-terra”, “sem teto”, “sem emprego”, sentados na grande mesa da concertação e da democracia; Brasil do Prouni, do Fundeb, da reestruturação das funções públicas do Estado; Brasil do baixo desemprego, inflação baixa e juros baixos; Brasil da nova Política de Defesa; Brasil da classe média ampliada e de melhores salários no setor público e privado; Brasil da Polícia Federal que age — em regra — segundo a Lei e a Constituição.


Brasil em que todas as instituições do Estado cometem seus erros e acertos dentro das regras do jogo constitucional.


É ingenuidade perguntar qual o Brasil que transita no debate político: este, descrito acima, ou o Brasil da Ação Penal 470? Ou melhor, porque o Brasil que se debate é predominantemente o da Ação Penal 470 e não o Brasil legado, até agora, pelo centro progressista e pela esquerda, sob a hegemonia do Partido dos Trabalhadores? Quem compôs esta agenda e por que ela é agenda hegemônica? As respostas a estas perguntas serão a base da compreensão dos partidos sobre o que ocorrerá bem além de 2018.


Aponto dois motivos básicos, que são fortes para manter a Ação Penal 470 — e a manterão por muito tempo — como o centro de todas as estratégias políticas da direita, em geral, e da oposição midiática, em particular. O primeiro motivo é que, através da judicialização do processo político, poder-se-á criar a ilusão que é possível escrever um novo Brasil — mais decente e mais democrático — por fora da política, logo, principalmente através de decisões do Poder Judiciário, que é pouco influenciável pelos movimentos sociais populares e muito influenciável pela “opinião pública” da mídia conservadora.


O segundo motivo, ligado ao primeiro, é que este “deslocamento” da luta política para o âmbito do Judiciário poderá funcionar como uma alternativa à hegemonia do PT e da esquerda no âmbito eleitoral, já que a oposição conservadora, que sucateou o Brasil quando esteve no poder (representada pelo demo-tucanato) não ofereceu, até agora, nenhuma esperança de poder nos próximos anos. Assim, o Poder Judiciário, erigido — como está sendo proposto — à condição de grande menestrel da moral pública e da ética política, poderá transformar-se no centro político da vida política nacional, esvaziando a luta ideológica, programática e política, entre os partidos, nos movimentos e no Parlamento.


É construída, desta forma, a substituição dos Partidos, do Parlamento e dos movimentos sociais, pelo Poder Judiciário, através deste processo de “judicialização da política”. Sobre esta judicialização, o voto popular não pode exercer nenhuma influência direta ou visível, pois sobre o Poder Judiciário os jogos de influência são absolutamente restritos, totalmente elitizados e manipuláveis por poucos grupos sociais, o que, aliás, é normal em todas as democracias do mundo, como sempre analisava e reconhecia o mestre Norberto Bobbio.
Assim, a Ação Penal 470 continuará sendo — se o Parlamento e os Partidos não reagirem com reformas sérias que deem mais dignidade ao fazer político democrático — o centro do debate pautado pela mídia e pela direita anti-Lula. A oposição partidária não conseguiu — ao longo destes oito anos — configurar um projeto alternativo convincente em torno da hegemonia do capital financeiro, pois os interesses empresariais que lhes davam sustentação plena — tanto locais como internacionais — não estão mais unificados pela pauta neoliberal.


O surto de crescimento e desenvolvimento das forças produtivas no país, durante os governos Lula, e a crise aguda do modelo neoliberal na Europa, que prosseguiram com o governo da Presidenta Dilma, abalaram esta unidade.
A unidade foi possível até a situação de crise que levou o país ao Plano Real, cujo resultado no desenvolvimento econômico, foi marcar regras mais claras para que os agentes econômicos pudessem planejar o futuro em torno de uma moeda estável, também retirando do Estado as condições de manipular o seu planejamento financeiro, utilizando a inflação. 

Como o PT e a esquerda foram protagonistas essenciais do período pós-real, no qual ocorreram formidáveis mudanças sociais e econômicas, é natural que tanto o Partido como os seus dirigentes sejam alvos de uma forte tentativa de neutralização dos seus méritos, através da exacerbação de seus defeitos ou limitações.


Mas estes, como se sabe, não são somente originários de condutas individuais estimuladas pelo sistema político atual e pela história pouco republicana do Estado brasileiro, mas também fazem parte, em maior ou menor grau, das “regras do jogo” de qualquer democracia. Refiro-me, aqui, às condutas que são formas não transparentes de promoção de políticas de estado, não aos delitos que sejam cometidos em qualquer época. Estes, os delitos, são normalmente de conta de Poder Judiciário, mas é costumeiramente depois do seu julgamento que passam a integrar, com maior ou menor intensidade, os debates eleitorais e as críticas que os partidos assacam, uns contra os outros, para ressaltar a sua própria autenticidade.


Os partidos democráticos e republicanos, independentemente da sua ideologia específica, devem compartilhar da luta para reduzir ao máximo estes aspectos perversos de qualquer democracia, sem criar a ilusão cínica que um processo judicial — seja ele qual for e contra quem for — terá a capacidade de iniciar uma “era de fim da impunidade”. Criar a ilusão de que iniciaremos, com qualquer processo judicial, uma era de “fim da impunidade”, é criar condições políticas para que, se a oposição atual chegar ao poder, por exemplo, ela não seja punida pelos seus erros e delitos, porque a Ação Penal 470, afinal, já fez “a limpeza necessária no país”, o que é uma supina fraude informativa.


Vou mencionar dois fatos midiáticos típicos, que simbolizam todo um período de luta política no país, que certamente serão arrolados aos milhares em teses acadêmicas futuramente apresentadas a bancas especializadas, o que ocorrerá certamente nos próximos dez anos. O primeiro, apoia-se numa entrevista concedida pelo meu especial amigo, ministro Ayres Britto — diga-se de passagem, ministro honrado e qualificado intelectualmente — que diz (Zero Hora 23.12.12 pg. 8): “O que estamos aqui julgando é um modo espúrio, delituoso, de fazer política. A política é mais importante atividade humana no plano coletivo.”


A afirmativa constante nas declarações do ministro Britto, que sintetiza muito bem a posição do Supremo na Ação Penal 470, elege um ponto de partida perigoso para orientar julgamentos numa Corte Suprema que é sim, também, uma Corte política.
É uma Corte, porém, que não tem poderes para julgar “o modo de fazer política”, logo a própria política — que é feita de diferentes modos em distintos contextos históricos — e que é uma “atividade humana coletiva”, como bem diz o ministro Ayres Britto. Os poderes que são dados ao Supremo pela Constituição, em processos criminais, são para julgar comportamentos devidamente individualizados pelo Ministério Público, como determina a Constituição.


Aceitar que o Supremo possa julgar a “política” é promover a possibilidade de incriminações em abstrato de toda uma comunidade partidária ou de governos, como é comum em regimes de força. A Suprema Corte é uma corte política, porque seus julgamentos têm, muitas vezes, largos efeitos políticos sobre vastos períodos históricos e porque, na análise e na aplicação das normas, sempre pendem coordenadas políticas e convicções ideológicas.


O Supremo não é uma Corte política porque seja o julgador da esfera da política, pois esse tipo de julgamento, no Estado Democrático de Direito, é prerrogativa do povo, em eleições periódicas. E do Parlamento em procedimentos regulados. A conveniência política, por exemplo, em liberar uma emenda parlamentar (destinada a promover um investimento público numa região do país) visando uma votação da Câmara Federal, é uma política encravada na formação da nossa República. É hábito (negativo) do nosso sistema político, mas não constitui qualquer delito, se a liberação for feita dentro das regras vigentes. Fisiologismo parlamentar não é da órbita do Supremo: isso é política, em sentido negativo, é má política; mas é política, usada por todos os governantes para governar dentro da democracia.


Isso só pode ser desmontado por uma reforma política, não por decisões judiciais.
O Ministro afirmou, portanto, que “estamos julgando um modo de fazer política”, o que implica em dizer que os fatos eventualmente delituosos passam pelo juízo preliminar sobre o “modo de fazer política”. Isso é um rotundo equívoco. Quem julga o “modo de fazer política” é o parlamento e o povo: o parlamento em procedimentos regrados pela Constituição e pelo Regimento Interno das Casas Legislativas e o povo em eleições periódicas. Ou seja, posicionar-se o Juiz, no caso concreto, sobre a “política que está sendo feita” — já tida pelo Magistrado como “espúria” e “delituosa” — é restringir a ampla defesa.


A partir daquela convicção, o exame do comportamento individualizado dos réus passa a ser secundário, pois eles são agentes “de um modo espúrio e delituoso” de proceder: criminosos previamente identificados.
Assim, o indivíduo, como réu, subsome-se na criminalização da política presumidamente feita pelo governo e não tem saída nem defesa. O julgamento passa a ser principalmente o julgamento de um “modo de fazer política”, que tanto envolve os réus — integrantes do coletivo político considerado como espúrio e delituoso — como também todos os que estiveram ligados, direta ou indiretamente, às políticas de governo. Todos são culpados: inculpação em abstrato, que foi obrigada a buscar algum tipo de sentido na interpretação ampliada do “domínio funcional dos fatos”, para tentar justificar racionalmente as condenações.


O adequado às funções de uma Corte Superior em julgamentos desta natureza é apanhar os fatos e atos (individualizados na denúncia do Ministério Público) e contrastá-los com as normas que regulam as funções dos agentes públicos. Este contraste é que possibilita a criminalização, ou não, das condutas políticas dos indivíduos, através do sistema de direito. Este é o sistema que dá ordem, materialidade e previsibilidade ao sistema político e que pode promover tanto julgamentos políticos nas esferas pertinentes, como consolidar juízos públicos sobre partidos e indivíduos, com influência nos processos eleitorais.
A partir deste percurso, da quantidade das pessoas envolvidas nos delitos, da gravidade das violações legais e dos efeitos destas, sobre as funções públicas do estado, é que uma política de governo, no seu conjunto, pode ser taxada como “espúria” e “delituosa” e daí julgada pela soberania popular.


O que se constata, em contradição com os fundamentos da sentença da Ação Penal 470, é que o “modo de fazer política” do governo Lula (que na verdade não estava formalmente em julgamento na ação referida) levou o Brasil a um formidável progresso social e econômico, a um avanço democrático extraordinário, a um prestígio internacional inédito, que coloca o cidadão comum na velha disjuntiva: é melhor ter um governo que tenha um modo “espúrio” e “delituoso” de fazer política, que nos consiga tudo isso, ou um governo inepto, mas sério, no qual nós continuamos na marginalidade histórica e social?


Como a disjuntiva promovida pela decisão do STF é falsa, o cidadão comum — que é o principal objeto da manipulação midiática em torno do julgamento — responde por instinto de classe e pelo princípio da aparência imediata (“de onde vêm estes ataques?”): “prefiro o Lula e agora a Dilma, pois alguém está certamente me enganando nesta história toda”. E assim começam as pessoas a prestar atenção em quem serão os beneficiados pela eliminação da memória popular dos governos do Presidente Lula e do seu suposto modo de fazer política.


A razão histórica de caráter udenista do Supremo, julgando uma política “espúria” e não os réus, torna-se uma contribuição para uma razão cínica imediata, erguida sob premissas falsas (“prefiro” — pensa o povo — “quem rouba, mas faz”), mas a seguir se refaz como autoconsciência do protagonismo democrático do povo: “vamos reeleger a nossa Dilma, porque ela é uma boa continuadora do nosso Lula”.
Uma oposição sem rumo e sem propostas recebeu de presente um processo de judicialização da política, feito dentro da ordem jurídica e política atual, compartilhado pelo esquerdismo travestido de UDN pós-moderna. Não tinha como aproveitar, pois estava envolvida demais com o fetichismo neoliberal, com suas divisões internas, com a sua ausência de compreensão do país e do seu povo.


O segundo fato, ao qual quero referir, merece menos reflexão, mas não é menos significativo. Num dia desses, às 7h34 da manhã, na Globo News, a simpática Cristiana Lobo anunciava o seguinte, literalmente: “A CPI do Cachoeira não termina, enquanto isso o bicheiro ganha liberdade”. Atenção, a “culpa” do suposto delinquente ter saído da prisão não é decorrente de uma decisão do Poder Judiciário, que já estava condenando dirigentes petistas a pesadas penas, num processo altamente politizado. A culpa, sugere a notícia, foi da CPI, que é dirigida por um petista, que ainda não terminara certamente o seu trabalho “espúrio”.


A culpa é, pois, da política e dos políticos, parece badalar o oposicionismo sem rumo.
Em todo este contexto, a Ação Penal 470, que poderia ser um grande marco de afirmação do Poder judiciário e de ressignificação da política em nosso país, tornou-se predominantemente uma arena de desgastes tentados contra Lula, a esquerda e o PT, como partido que lidera este formidável processo de mudanças no país: a judicialização da política despolitizou a oposição e empobreceu, ainda mais, nosso sistema político já falido.
É certo, porém, que esta ação penal não é apenas fracasso, o que poderá ser testado com os próximos processos que já estão em curso, que certamente não terão o mesmo interesse midiático que esta ação despertou. Mas ela incidiu largamente sobre o futuro do país e reorganizou a pauta dos partidos e da mídia: hoje a questão já é “o que faremos em 2018?” 


O “esquema” visivelmente não deu certo: Dilma, Lula e o PT, vão ganhar as eleições em 2014 pelo que já legaram ao país. Com isso, não estou dizendo que o Poder Judiciário entrou em algum esquema previamente concebido, mas que foi devidamente instrumentalizado e “aceitou” esta instrumentalização ora falida.


Trata-se, agora, nós da esquerda e do PT, de nos prepararmos para as próximas eleições de 2014 com Dilma, mas inaugurando uma nova estratégia. Descortinando — já a partir das próximas eleições presidenciais — os traços largos e os largos braços de um programa destinado a reestruturar a democracia brasileira, para mais democracia com participação cidadã, mais transparência com as novas tecnologias infodigitais, mais combate às desigualdades sociais e regionais. Sobretudo partindo da compreensão que todos “querem mais da vida do que pão e manteiga”, como dizia Döblin do seu personagem.


O fim da miséria, que já está no horizonte, é impulso para exigências mais complexas por parte de todo o povo e isso exige, também, um partido dirigente que supere os velhos métodos de direção tradicionais, que normalmente são apenas reativos às conjunturas às vezes difíceis, que atravessam os seus líderes: um partido que trate o cotidiano como tal, mas pense no processo e na História. Pensar em 14 pensando em 18. Neste ano de 2018, independentemente da qualidade dos nossos governos, o sentimento de renovação já estará em pauta no Brasil, face às próprias transformações que engendramos nos quatro governos seguidos, que provavelmente já teremos protagonizado no país.


Pensar assim é tarefa do Partido, não é tarefa de governo. A menos que abdiquemos da nossa função de sujeito político e passemos a ser um escritório de explicações sobre o passado. Se o nome “refundação” ainda fere, por equívoco, ouvidos mais sensíveis, falemos em renovação de fundo e de forma. Não para fugir das nossas raízes, mas para ancorá-las no presente das novas classes trabalhadoras, das novas classes médias, das novas formas de produzir, prestar serviços e distribuir riqueza, dos novos mundos da economia criativa, das novas formas de produção da inteligência, dos novos estatutos de relacionamento global, das novas demandas que não são necessariamente de classe, mas ingredientes básicos de uma sociedade justa e, sobretudo, mais e mais feliz.


O nome disso é “novo socialismo” ou “nova social-democracia”: isso quem decide não é o partido.



(*) Governador do Estado do Rio Grande do Sul

O PERIGO QUE O STF PASSOU A REPRESENTAR PARA DEMOCRACIA..




STF a serviço de quem??

Roberto Amaral, Colunista da Carta Capital - direto do blog do Juremir
A separação de poderes, desde Montesquieu, baseia-se, nas democracias representativas, como a brasileira, em dois pólos de difícil equilíbrio, pois, uma perna é a igualdade quimérica e outra é a assimetria real, derivada da fonte diversa da legitimidade de cada um.

Pelo menos na teoria, esses poderes, para serem iguais e interdependentes (e não independentes) precisam conviver num sistema de pesos e contra-pesos segundo o qual cada um, de per si, limita o arbítrio (e não o poder) do outro. Assim, o Executivo tem seus atos fiscalizados pelo Legislativo, e a legalidade desses atos é controlada pelo Judiciário, que, igualmente, controla a constitucionalidade das leis, cuja elaboração é prerrogativa exclusiva do Poder Legislativo. 

O Executivo por meio das Medidas Provisórias e o Judiciário brasileiro, principalmente na sua fase atual, rompendo com a formação positivista de nosso Direito, teima em legislar, assumindo poderes que lhe são vedados pela Constituição de que o Judiciário deve ser guardião.

O Judiciário, no Brasil, também foge à regra, por não conhecer controle externo.

Se não conhece a fiscalização a que são obedientes os demais poderes, a quem os atos judiciais estão submetidos? Quem lhe impõe limites? Não se diga que é a Constituição, pois que esta reina sobre todos.

Separando e distinguindo os poderes, e, consequentemente, impondo-lhes limitações, há, ainda e principalmente, a origem de cada um. Ao contrário do Executivo e do Legislativo, o Judiciário, no Brasil, é o único dos poderes republicanos que desconhece a única legitimidade conhecida pela democracia, aquela derivada da soberania popular. 

Em vez de mandatários da vontade da cidadania, expressa em eleições periódicas das quais derivam mandatos certos, os membros do Judiciário – agora me refiro aos Tribunais superiores, a começar pelo STF –, são nomeados pelo Presidente da República; em vez de exercerem mandatos a termo (como os titulares dos poderes Executivo e Legislativo em todas as instâncias) suas investiduras relembram a monarquia, pois são vitalícias.

Ao contrário de governantes e legisladores, são inalcançáveis, o Judiciário como instituição e os ministros como juízes, livres daquele controle externo que eles próprios exercem sobre o Executivo. São como o rei na monarquia: irresponsáveis, isto é, não respondem pelos seus atos.

Açulado por uma direita impressa inconsequente, vem, de uns tempos até aqui, o TSE e, principalmente, o STF, exorbitando de seus poderes, seja julgando para além da lei, seja criando direito novo, construindo a instabilidade jurídica que afeta a segurança dos cidadãos, pois todo o direito vigente pode ser alterado, de cabo a rabo, numa simples assentada – seja a presunção da inocência nos julgamentos criminais, seja o direito de defesa, institutos que nos separam da barbárie.

Sem discutir o mérito das decisões, o fato é que as recentes sessões da Suprema Corte (refiro-me especificamente à novela do “mensalão”) se transformaram em lamentável reality show, donde a espetacularização do julgamento, cada juiz procurando desempenhar seu papel como ator preocupado com as câmeras e a audiência, embora não recebam cachê nem concorram a prêmios. Louvo a transparência para lamentar o conteúdo.

O juiz isento, sereno, incumbido pela sociedade (pela sociedade?) de, em seu nome, julgar, transfigura-se em promotor raivoso, e raivosos, os julgadores se desentendem. No mesmo diapasão das agressões aos réus, desrespeitados, desrespeitam-se e agridem-se entre si.

O que foi feito da liturgia da função nobilíssima?

Tenho para mim que na raiz do empobrecimento do Supremo – que já teve Adauto Lúcio Cardoso, Ribeiro da Costa, Victor Nunes Leal, Hermes Lima e Evandro Lins e Silva – para não falar em Orozimbo Nonato, está a ausência de biografia de seus titulares. Assim, pobres, tentam, cada um a seu modo, construir sua história no exercício da judicatura, e às custas dela; desatentos aos Anais da Justiça, estão voltados para a glória fugaz dos refletores, a confirmar o dito célebre segundo o qual todo anônimo tem direito a dez minutos de fama.

Tudo isso encanta a direita impressa e seu encantamento seduz os atores. Autoritária, preconceituosa e racista, nossa direita não admite a emergência das massas. Isto é o que está na raiz da crise que se procura criar, artificialmente, para deter o avanço social, ainda que seu preço seja a fragilização das instituições democráticas. Nas vezes anteriores, bradando o mesmo cantochão, essa mesma direita (ela não muda) trouxe para as ruas os tanques e, sempre que pode, golpeou a democracia, em nome dela. Foi assim na segunda deposição de Getúlio, em 1954, e na deposição de Jango em 1964. Presentemente, os tanques estão indisponíveis e as baionetas ensarilhadas, e a chefe do Poder Executivo se encontra protegida por inédito apoio popular. Na ausência de outra alternativa, desmoralize-se a essência da democracia, a política e os políticos, judicialize-se a política, e destrua-se o Poder Legislativo, o mais vigiado de todos os poderes, o mais desarmado de todos os poderes. Destrua-se a política e a derrocada democrática virá por consequência. Essa é a ordem. E foi sempre assim.

Se não é mais possível a ditadura da japona, que venha o autoritarismo da toga.

Ébrios de vaidade, nossos ministros – na sua maioria (louvem-se as poucas exceções) – não se dão conta de que os elogios fáceis são igualmente fugazes e falsos.

Sabe o STF que não lhe cabe decretar a perda de mandato de representante eleito, pois esse mandato foi outorgado pela soberania popular. A perda de mandato é decreto político privativo da instância política. No caso de parlamentar, é prerrogativa e dever da Casa à qual pertença o imputado. Mas, provocando a dignidade de outro Poder, insiste-se em feri-lo e para fazê-lo atropelam a Constituição:

“Art. 55 – Perderá o mandato o Deputado ou Senador:

VI – que sofrer condenação criminal em sentença transitada em julgado.

§ 2º – Nos casos dos incisos I, II e VI a perda do mandato será decidida pela Câmara dos Deputados ou pelo Senado Federal, por voto secreto e maioria absoluta, mediante provocação da respectiva Mesa ou de Partido Político representado no Congresso Nacional, assegurada ampla defesa”.

O fato, inquestionável, de que o STF é o último intérprete da Constituição, não o autoriza a reescrevê-la, para dar sustentação jurídica a uma aberração. Insaciável, Poder que procura crescer alimentando-se do poder dos outros poderes, o mesmo STF decide interferir na domesticidade do Congresso Nacional, quando liminar suprema de um ministro, determina a alteração da pauta de votações, impedindo a apreciação de veto da Presidente da República.

Essas considerações me vêm à consideração após ver e ouvir o voto do nobre e ilustre ministro Celso de Mello, decano da Casa. Sua Excelência não se conteve com o seu voto puro e simples. Resolveu recheá-lo com um discurso inapropriado de admoestações e ameaças ao Poder Legislativo e ao seu presidente.

A quais forças está servindo quem persegue um conflito institucional?

sábado, 22 de dezembro de 2012

ZÉ DIRCEU É O RESPONSÁVEL PELO MUNDO NÃO TER ACABADO.

 

Veja acusa Zé Dirceu pelo adiamento do fim do mundo. Lula sabia

A revista Veja, que como sabemos é caolha, só tem o olho à direita, afirma em sua última edição que a não ocorrência do fim do mundo dos maias, que deveria ter acontecido ontem ( 21/12/2012 ), não aconteceu por culpa do ex-ministro Zé Dirceu. A revista teve acesso ao depoimento que o publiciário Marcos Valério concedeu ao Ministério Público, no qual dá detalhes sobre manobra de Dirceu, com o beneplácito de Lula, para adiar o apocalipse do povo maia. Segundo o publicitário, milhões de reais de dinheiro público foram desviados para comprar os governantes maias e impedir o aguardado fim dos tempos. Tudo foi negociado com o deputado Marco Maia (PT-RS), presidente da Câmara de Deputados, e representante dos povos maias no Brasil.

 
O motivo da manobra foi jogar o fim do mundo para depois da realização da Copa do Mundo e das Olimpíadas de 2016, quando vão marcar uma nova data para o apocalipse, mas desta vez organizado pelo PT. Lula já disse, inclusive, que o fim dos tempos petista "será um fim do mundo como jamais houve na História desse país", um fim do mundo marcado pela inclusão social, sem discriminação das massas populares, como o dos maias. Lulinha afirmou ainda que vai sugerir à presidente Dilma a criação da Bolsa Apocalipse para acabar com o elitismo do fim do mundo.

 
Mediante as denúncias de Valério, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, pediu ao presidente do STF, Joaquim Barbosa, que decrete a prisão imediata de Zé Dirceu e os demais envolvidos na apocalíptica e escabrosa manobra petista. Um golpe contra as instituições pátrias.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

PAUL KRUGMAM DESCRITO POR JUREMIR MACHADO...


O Nobel de economia e os barões ladrões

Postado por Juremir em 17 de dezembro de 2012 - Política
Paul Krugman é prêmio Nobel de economia.
Ou o equivalente a isso.

É uma poderosa credencial.
Serve para impressionar na televisão.

Há economistas que defendem isto e economistas que defendem aquilo. Como em tudo. Quem tem razão? Nem sempre é possível decidir. Ignorante é quem ignora essas diferenças. 
O grande problema na esfera pública é a legitimação. Se “a” diz que o conflito mais importante do momento é entre capital e trabalho, será chamado de ignorante por três categorias: neoliberais, velhos liberais e ignorantes de direita. Quem terá razão nessa luta sem classe?

Krugman afirma que, apesar da crise, as empresas americanas estão se lavando de grana, enchendo as burras, limpando os burros: “O bolo não está crescendo da forma que deveria – mas o capital está se saindo bem, abocanhando uma fatia cada vez maior, à custa do trabalho”. Yes!

Pode um Nobel da economia ser ignorante em economia?

Krugman vai mais longe e dá o golpe fatal nos clichês liberais: “Espere, será que realmente voltamos a falar sobre o capital contra o trabalho? Isso não é antiquado, um tipo de discussão quase marxista, datado em nossa economia de informação moderna? Bem, isso é o que muitos pensavam”.

Todo neoliberal gaudério acostumado a discursar sobre o fim das ideologias e sobre o anacronismo das lutas entre capital e trabalho deveria ser obrigado a ler Paul Krugman todas as manhãs, durante o chimarrão, e todas as noites, antes do último uísque. É uma maneira de expulsar do corpo a idiotice inculcada pela leitura de revistas rastaqueras como a Veja.

Krugman mostra que tecnologia, ao contrário do que apregoam os tecno-rosas, desemprega, que a paixão pelo modelo asiático tem a ver com trabalho mal pago e que “cada vez mais, os lucros vêm subindo à custa dos trabalhadores em geral, inclusive aqueles com habilidades que supostamente levariam ao sucesso na economia de hoje”. Esse homem é muito perigoso.Um seria-killer.

Protegido por seu Nobel e por sua coluna no insignificante “New York Times”, ele destila o que, na boca de outros, é liquidado como pura ignorância ou saudosismo de dinossauro. Por que o trabalho está perdendo para o capital? 
As respostas dele são devastadoras: “Uma é que a tecnologia tomou um caminho que deixa o trabalho em desvantagem; a outra é que estamos olhando para os efeitos de um forte aumento no poder do monopólio. Essas duas histórias se focam nos robôs, de um lado, e nos barões ladrões, do outro”.Uau!

Muitos devem se questionar: como é que deram um Nobel para esse idiota? Por que não lhe tomam a honraria? Krugman não se intimida: “E os barões ladrões? Hoje em dia, não se fala muito sobre o poder do monopólio; as ações antitruste praticamente desmoronaram durante os anos Reagan e nunca se recuperaram”. 

A ladroagem legal continua. Barões ladrões defendem diminuir ou acabar com impostos sobre heranças. Empresas deveriam ser aliviadas.

Paul Krugman é um mistério.

Pensa o contrário de tudo o que sustentam outros que também ganharam o Nobel de economia. Esse prêmio é chamado de Nobel quando honra gente que pensa o oposto de Krugman. No caso dele, há dúvidas. Ainda mais quando ele chuta o baixo ventre da plutocracia: 

“Como eu disse, essa é uma discussão que mal começou – mas já é hora de começar, antes que os robôs e os barões ladrões tornem nossa sociedade algo irreconhecível”.

Só pode ser ignorante e comunista.

Ou serão ignorantes os que dizem como verdades absolutas o oposto?
Ignorantes ou interesseiros?