Patrono da Feira do Livro de Camaquã
Postado por Juremir em 23 de outubro de 2013 -
Fui escolhido patrono da Feira do Livro de Camaquã. Lá estarei nesta noite para a cerimônia de abertura. Já ando pelos vinte patronatos. Em cada lugar é especial. O que significa ser patrono de uma feira de livro num país em que o livro continua sendo secundário? Como dizemos em discursos, significa honra, carinho e reconhecimento. Na verdade, significa mais: leitura. Alguém leu, gostou, apostou, defendeu, disseminou, abraçou a causa e passou adiante uma ideia, um livro, uma frase, uma história. Em Camaquã, devo isso a Roberta Flores Pedroso e a Tuli Borges. Em várias ocasiões elas já me prestigiaram. Roberta leva minhas crônicas para suas salas de aula.
Os franceses, que têm rótulos para tudo, chamam de “passeurs” os disseminadores, os “passadores” de cultura de um lugar para outro. Tenho os meus em cada vez mais lugares no Rio Grande do Sul. Em Santana do Livramento, minha terra, tem a minha irmã Vera Machado, tem o José Norberto da Silveira e tem o incansável radialista Antônio Carlos Valente. Em Passo Fundo, tem o atual secretário da Cultura, José Ernani, e o vereador Juliano Roso (PCdoB). Em São Borja, no que se refere aos livros da minha trilogia trabalhista – Getúlio (Record, 2004), Vozes da Legalidade (Sulina, 2011) e Jango (L&PM, 2013) – tem o advogado e escritor Iberê Teixeira e o brizolista de quatro costados e muita simpatia Letier. Vai por aí.
Citar nomes é cometer injustiças. Deixarei tantas cidades e amigos de fora. Só quis dar um exemplo. Em Cruz Alta, desde quando comecei a escrever, o Rafael da Fonseca luta para divulgar meus textos. Em Pelotas, no campo mais acadêmico, o professor Fábio sempre se lembra de mim. Em Cachoeira, tenho velhos amigos, entre os quais a Lúcia, de feiras e palestras literárias. Em Santa Maria, meu velho amigo de aventuras parisienses, Bebeto Badke, sempre me abre portas. Em Santiago tem a Iara Castiel, agora vereadora (PT). Há pouco, estive em Santo Ângelo convidado pela equipe do prefeito Valdir Andres (PP). Tenho andado pelo Rio Grande do Sul inteiro, falando em pequenas e em grandes cidades. Em novembro, serei patrono da Feira do Livro de Lagoa Vermelha.
Nos últimos anos tenho tido dois “passeurs” muito especiais, os doutores Nilson May e Alcides Stumpf, da Federação das Unimed do Rio Grande do Sul. E assim vou feito um caixeiro viajante a serviço dos meus livrinhos. A única importante cidade gaúcha onde nunca palestrei é Uruguaiana. Deve ser porque falo mal de Domingos José de Almeida. Camaquã me trata bem. Já é a terceira vez que vou lá. Agora na condição muito marcante de patrono da Feira. Para um escritor vira-lata como eu é bom demais. Outro dia, na matinal e ensolarada Praça da Alfândega, encontrei uma velhinha simpática que me saiu com esta:
– Para um cachorrinho até que tu escreves muito bem!
Ganhei o dia. Só não posso vencer a maledicência:
– E aí, hein, quando vai ser patrono em Porto Alegre!?
A caravana passa. Eu, vira-lata, acoo feliz.
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