FONTE: DAVIS SENA FILHO/site:247
O gaúcho de Ijuí, Carlos Caetano Bledorn Verri, o Dunga, ex-craque de futebol não reconhecido como tal por grande parte da imprensa de mercado reassumiu o cargo de treinador da Seleção Brasileira, o time mais famoso e importante do mundo. Dunga é campeão mundial de 1994 pela Seleção e conhece seus bastidores como poucos, porque desde muito novo participou de diversas categorias de base do escrete brasileiro até chegar a profissional.
Como capitão da Seleção, Dunga levantou o caneco, como diziam os antigos, e mostrou, como jogador e treinador nos vinte anos que defendeu a Amarelinha, um comprometimento e amor às cores do Brasil muito maiores, por exemplo, que quase a totalidade dos jornalistas e parte da sociedade brasileira, que, por motivos diferentes e também iguais, tratam de desconstruir a autoestima dos brasileiros, por motivos políticos e ideológicos, bem como, evidentemente, por interesses comerciais.
Um exemplo é a tentativa frustrada da Rede Globo e da imprensa de negócios privados, em geral, de fazer com que a torcida brasileira parasse de cantar um de seus cânticos mais populares e tradicionais, no qual reafirma sua brasilidade ao proferir o hino: "Eu sou brasileiro, com muito orgulho e muito amor!" Canto de "guerra" composto, em 1949, pelo professor e compositor paulista, Nelson Biasoli, de 83 anos, e que jamais imaginou, segundo seu filho, Nelson Júnior, que a canção se transformaria em parte intrínseca da cultura brasileira, pois cantada há 65 anos, não somente nos estádios de futebol, mas em todas as competições e modalidades esportivas em que o Brasil esteja competindo.
A verdade é que certa "elite" portadora de complexo de vira-lata e provinciana é antinacionalista, porque para ela nacionalismo "bom" é o da Inglaterra e o dos Estados Unidos. Países admirados por alguns grupos sociais brasileiros colonizados e que se acostumaram, no decorrer de gerações, a ver nos cinemas, livros e jornais atores artísticos e sociais a cantar seus hinos nacionais, suas lógicas ufanas e de carácteres nacionalistas, além de admirar suas bandeiras a ser desfraldadas ou cravadas em solos quando suas forças militares conquistavam territórios dos inimigos.
Aí vale e tem graça para os coxinhas de classe média e os ricos colonizados, que pensam ser o eixo Nova Iorque, Miami, Londres e Paris o centro do universo quando, indubitavelmente, não o é. O mundo é muito maior e tem muito mais coisas que a ignorância e o preconceito dessas pessoas pensam ou deixam de pensar, pois sabemos que a humanidade é diversificada em todos os sentidos e que as hegemonias são passageiras mesmo se demorarem muito em termos históricos, pois, irrefragavelmente, submetidas ao tempo, que é realmente e inapelavelmente o senhor da razão.
Dunga reflete por enquanto esse contexto e surge das cinzas para assumir novamente o posto de treinador da Seleção Brasileira. Combatido duramente pela imprensa corporativa, o treinador passou quatro anos praticamente "congelado", com um curto interregno quando treinou o Internacional, time de sua infância e do seu coração. No Colorado, foi campeão gaúcho e logo depois deixou o clube e foi cuidar de seus negócios e de sua privada.
Contudo, existe uma realidade que não pode ser questionada: Dunga é mais íntimo da Seleção Brasileira do que qualquer clube em que ele jogou e treinou, pois desde garoto até a vida adulta sempre freqüentou a CBF, seja como atleta ou como treinador. Conhecer os bastidores políticos da Confederação, ser disciplinado, determinado e corajoso para enfrentar interesses contrariados são virtudes que não passam despercebidas pelos políticos, dirigentes esportivos, imprensa e sociedade.
Engana-se aquele que o Dunga vai ser apenas um treinador. Ele foi reconduzido a cargo e função tão importantes por se tratar de um profissional que não vai tergiversar quanto a seus objetivos, de sua comissão técnica, da CBF e principalmente no que tange à relação com a imprensa burguesa, que, tal qual acontece no que é relativo à política nacional, insiste em pautar a Seleção Brasileira, porque a finalidade é apenas fazer dela um produto vendável e que gere lucros bilionários, como os que as Organizações(?) Globo obtiveram, agora, na Copa do Mundo de 2014.
Creio que o Dunga amadureceu com o linchamento profissional e moral do qual foi vítima, no decorrer da Copa de 2010, na África do Sul, ao ponto de os profissionais da Globo e de suas congêneres se voltarem contra o treinador, de forma virulenta, bem como torcerem nitidamente contra a Seleção, porque o gaúcho quis pôr ordem na casa, no que diz respeito a seguir as pautas programadas pela imprensa alienígena, que queria tratá-lo como um de seus empregados, a obedecer as redações e certos jornalistas autoritários e arrogantes que desejavam "furos" jornalísticos, entrevistas exclusivas e cobrir treinos para se aproximar dos jogadores na hora que quisessem e conforme os interesses dos editores de seus órgãos de jornalismo.
Nesses dias percebo ao assistir e ouvir os programas esportivos de rádios e televisões (abertas e fechadas) o sentimento amargura e inconformismo de muitos jornalistas, sendo que a maioria participou, na maior insensatez, perversidade e complexo de vira-lata, da tentativa de desconstrução e desqualificação da Copa realizada este ano no Brasil. Profissionais de imprensa que se dispuseram e se dedicaram a diminuir o Brasil, pois o propósito era propositalmente negativar a autoestima do povo brasileiro e fazer com que ele tivesse o falso sentimento de que o País não conseguiria realizar um evento de qualidade por ser incompetente e desleixado.
Ledo engano! A Copa do Mundo foi um retumbante sucesso, e, inequivocadamente, admirada e aplaudida por todas as nações que participaram do evento mundial ou o acompanharam pelas televisões. Os números e os índices da Copa são fantásticos, porque o Brasil foi visto por quase dois bilhões de pessoas, os estrangeiros e brasileiros gastaram R$ 30 bilhões no País, o que vai influenciar, inclusive, no PIB, e quase um milhão de pessoas transitaram como turistas.
O número de turistas estrangeiros poderia ser maior, se não fosse a campanha insidiosa, de conotação mentirosa e propositalmente alarmista efetivada pela imprensa burguesa, direitista e tão ideológica e provinciana que sabotou e boicotou um evento internacional que, obviamente, apenas lhe trouxe altos lucros, pois se tem uma coisa que os magnatas bilionários da imprensa familiar não fizeram foi pegar a carteira ou enfiar a mão no bolso para investir na Copa. São tão reacionários e contra o Brasil que não se importaram em mentir e manipular fatos e realidades, porque apostaram no fracasso do campeonato mundial por causa de questões político-eleitorais. São de uma mediocridade política e social que não há sol que os aqueça ou os ilumine. Ponto!
Todavia, creio que a imprensa mercantilista e por isso meramente comercial vai perder seu "passe livre" para fazer o que quer ou bem entender, a ter os senhores Galvão Bueno e William Bonner e seus patrões Marinho como "diretores" ou "tutores" da Seleção Brasileira, que não pertence à Globo, às suas congêneres e, sim, ao povo brasileiro, que a ama e veste sua camisa amarela com orgulho e paixão. A Seleção é parte importante da cultura deste País e representa a grandeza do Brasil, a sua força, talento e competência, sem sombra de dúvida.
Dunga volta à Seleção e deixa a imprensa-empresa com a boca amarga pelo fel. Sua posse como treinador da Seleção Brasileira é, antes de tudo, uma ação política e o resgate de sua cidadania como um brasileiro que sempre defendeu as cores deste País com respeito e dignidade. Dunga não é apenas corajoso por ter enfrentado interesses de empresários, da imprensa comercial e privada, bem como dos políticos. O ex-jogador e treinador se tornou um homem respeitado por ser leal, justo e coerente. Dunga é corajoso porque é digno. É isso aí.