quinta-feira, 7 de novembro de 2013

NOVA FRAUDE NO LEITE DO RIO GRANDE DO SUL.

Investigação descobre nova fraude no leite com adição de água oxigenada no Rio Grande do Sul

Ministério Público Estadual deflagra no noroeste gaúcho terceira operação contra adulteração do produto

FONTE:ZERO HORA.

Investigação descobre nova fraude no leite com adição de água oxigenada no Rio Grande do Sul Joana Colussi/Agência RBS
Caminhão encontrado na casa de um dos suspeitos seria usado para adulterar o leiteFoto: Joana Colussi / Agência RBS

Após desarticular o esquema de adulteração do leite com água, ureia e formol no Rio Grande do Sul, o Ministério Público Estadual (MPE) deflagrou nesta quinta-feira operação contra uma nova fraude: adição de água oxigenada no produto. A terceira fase da Operação Leite Compen$ado resulta no cumprimento de cinco mandados de busca e apreensão em Três de Maio e Nova Candelária, no Noroeste gaúcho.
A adição da substância disfarça as más condições sanitárias de conversação e transporte, além de aumentar o volume – já que o peróxido de hidrogênio (popularmente conhecido como água oxigenada) se transforma em água quando adicionado ao leite. 

– A água oxigenada é bactericida, por isso estabiliza o leite quando ele está envelhecendo, não deixando azedar – explica o promotor de Justiça Mauro Rockenbach, responsável pela investigação.

O peróxido de hidrogênio causa a redução do valor nutricional do leite. Quem o ingere pode ter dores de estômago e até morrer, dependendo da concentração da substância. Fraude semelhante foi descoberta em Minas Gerais ainda em 2007, na Operação Ouro Branco.

Conforme a investigação do MPE no Estado, o líder do esquema seria Airton Jacó Reidel, 31 anos, proprietário de uma transportadora de leite em Três de Maio. Com a ajuda da esposa, Rejane Dias, e dos sobrinhos Roberto Carlos Baumgarten e Laércio Rodrigo Baumgarten, o transportador faria a adulteração em um galpão com três resfriadores próximo ao centro da cidade – após coletar o leite de produtores rurais e antes de entregar à indústria. A prisão temporária dos suspeitos, solicitada pelo MPE, foi negada pela Justiça, que entendeu que ao apreender os equipamentos os suspeitos não teriam condições de continuar adulterando o leite.

– Temos escutas telefônicas em que os investigados falam claramente sobre a adição de água oxigenada no leite, até mesmo com detalhes sobre quantidades adicionadas – detalha Rockenbach.

Desde o início da manhã, três equipes formadas por 10 policiais, três promotores de Justiça, 11 servidores do MPE e três do Ministério da Agricultura cumprem mandados de busca e apreensão no galpão e residência de Reidel, em outra propriedade da família em Nova Candelária e num posto de resfriamento da indústria LBR, em Giruá – onde os caminhões do suspeito entregam leite diariamente. No local a equipe também encontrou vestígios de bicarbonato de sódio, soda cáustica e sal. Ainda não há confirmação de que essas substâncias foram adicionadas ao leite.

Investigação sobre novo esquemaIniciada no começo de setembro, a investigação sobre um novo esquema de adulteração do leite começou quando a LBR e a Laticínios Malmann informaram ao MPE e ao Ministério da Agricultura ter detectado a presença de água oxigenada em cargas de leite entregues pelos caminhões da transportadora de Reidel.

– As empresas informaram ter rejeitado as cargas por detectar a substância em exames feitos na chegada do produto – conta o promotor de Justiça Alcindo Bastos da Silva Filho, da Promotoria Especializada em Defesa do Consumidor.

Conforme o promotor, o fato das indústrias terem rejeitado as cargas reduz o risco do produto adulterado ter chegado ao consumidor.

– Mesmo assim, não tem como ter certeza absoluta. Se passou algo, foi em concentração muito pequena, com baixo risco à saúde – aponta o promotor.

A LBR, donas das marcas Bom Gosto e Parmalat, foi uma das indústrias a ter lotes retirados do mercado na primeira fase da operação, em maio deste ano. Desde então, outras duas empresas, Italac e BRFoods, firmaram Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) para aumentar o rigor nas análises e apertar o cerco contra a ação de atravessadores fraudulentos.

Apesar de ter detectado a adulteração, a BRF não deixou de receber o leite aprovado em análises entregue pelos três caminhões da transportadora, conforme o MPE. Já a Laticínios Malmann deixou de receber o produto do atravessador suspeito.

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