terça-feira, 11 de setembro de 2018

FACADA EM BOLSONARO É A COLHEITA MALDITA DO CANDIDATO.

Facada em Bolsonaro e o ódio na política

Por Renato Rovai, em seu blog:

Na história política brasileira poucos, em momentos de democracia, incentivaram tanto o ódio como o candidato Jair Bolsonaro.

Ele fez do ódio o combustível de sua trajetória.

Fez homenagem aos torturadores da ditadura militar.

Celebrou o ataque a bala à caravana de Lula no Rio Grande do Sul, no que, diga-se, contou com a entusiasmada adesão de Ana Amélia, vice de Geraldo Alckmin.

O ódio gera ódio. Mas isso não explica e nem justifica o atentado que sofreu.

Um ataque a quem quer que seja é algo abominável. Sempre.

E por isso quem preza os direitos humanos é a favor do desarmamento.

Porque sabe que uma pessoa violenta ou desequilibrada pode causar uma tragédia ao empunhar uma arma.

Bolsonaro foi atacado com um arma branca, diga-se também.

E estava escoltado pela Polícia Federal, cujos agentes andam armados. Muito bem armados.

E isso não foi suficiente para impedir a agressão que viveu.

Tomara que Bolsonaro saia deste ataque sem sequelas físicas.

E que este episódio sirva a uma reflexão para mudanças na sua estratégia. Não se faz política envenenando a democracia.

Mas afora isso, o fato concreto é que se este atentado vier a se tornar uma tragédia, o Brasil pode entrar em mais um período de escuridão.

Não consigo imaginar uma eleição sem Bolsonaro na cédula. Como também é bizarro já imaginá-la sem Lula.

Para o bem da democracia, sua candidatura precisa ser derrotada no voto.

Porque se não puder ser candidato, se tornará um mito. Espero, sinceramente, que se recupere. E rápido. Porque, por mais paradoxal que seja, a saúde da democracia brasileira precisa de Bolsonaro vivo e bem vivo.

segunda-feira, 16 de julho de 2018

O ASTEROIDE DE 15 KM DE DIÂMETRO QUE DIZIMOU OS DINOSSAUROS, HÁ 66 MILHÕES DE ANOS.

Asteroide que dizimou dinossauros ‘não poderia ter caído em pior lugar'



Imagem recriadaDireito de imagemBARCROFT PRODUCTIONS/BBC
Image captionImagem recriada: O asteroide atingiu a Terra com um energia equivalente a dez bilhões de bombas de Hiroshima

Está cada vez mais claro para cientistas que o asteroide de 15km de diâmetro responsável pela extinção dos dinossauros não poderia ter atingido a superfície da Terra em um pior lugar.
Pesquisadores perfuraram rochas do oceano do Golfo do México que foram atingidas pelo asteroide há 66 milhões de anos e trazem novos dados sobre o evento que dizimou os animais pré-históricos.
Os últimos achados foram resumidos num documentário da BBC Two transmitido nesta segunda-feira.


PlataformaDireito de imagemBARCROFT PRODUCTIONS/BBC
Image captionPlataforma de perfuração no Golfo do México que coleta amostras de rochas para pesquisa

O asteroide atingiu uma área relativamente rasa do mar, chocou-se com as rochas de gesso mineral liberando quantidades colossais de enxofre na atmosfera o que prolongou o período de "inverno global". Os gases de enxofre são altamente tóxicos e densos. Se o asteroide tivesse caído num outro local, o resultado poderia ter sido diferente.
"É aí que está a grande ironia da história, porque no final das contas não foi o tamanho do asteroide, a escala da explosão ou seu impacto global que levou à extinção dos dinossauros; foi onde o impacto ocorreu", disse o biólogo evolucionista Ben Garrod, que apresenta The Day The Dinosaurs Died (O dia que os dinossauros morreram), com a paleontologista Alice Roberts.


Núcleo da rochaDireito de imagemBARCROFT PRODUCTIONS/BBC
Image captionNúcleo das rochas que foram atingidas por asteroides há 66 millhões de anos.

"Se o asteroide tivesse caído momentos antes ou depois, em vez de atingir a costa de águas rasas ele poderia ter se chocado com o oceano profundo", continua o pesquisador.
"Um impacto nos oceanos Atlântico ou Pacífico significaria muito menos rochas vaporizadas - incluindo o mortal gesso. A nuvem seria menos densa e a luz do sol poderia ter chegado à superfície do planeta, ou seja, o que aconteceu poderia ter sido evitado".
"Naquele mundo frio e escuro, a comida nos oceanos acabou em uma semana, e os alimentos em terra firme, pouco depois, interrompendo subitamente a cadeia alimentar. Sem nada para comer em lugar algum do planeta, os imponentes dinossauros tiveram pouca chance de sobrevivência".
Entre abril e maio de 2016, Ben Garrod esteve na plataforma de perfuração localizada a 30km de distância da Península Yucatan, no México, onde uma expedição milionária investiga o evento histórico. Enquanto isto, Alice Roberts visitou áreas de escavações de fósseis nas Américas para entender melhor como a vida mudou de rumo após o impacto.
Da plataforma, foram coletados núcleos de rochas a 1,3km de profundidade no mar do golfo. O material vem de uma área da cratera chamada "anel de pico", formações rochosas que se elevaram e rodearam o centro da cratera após a grade colisão.
Com a análise de suas propriedades, a equipe do projeto de perfuração, coordenada pelos professores Jo Morgan e Sean Gulick, espera reconstruir o desenrolar do impacto e as mudanças ambientais decorrentes dele.


Cientistas do projetoDireito de imagemMAX ALEXANDER/B612/ASTEROID DAY
Image captionCientistas que coordenam o projeto: Jo Morgan (à esquerda, do Imperial College London) e Sean Gulick (da Universidade do Texas)

Cratera Chicxulub - O impacto que mudou a vida na Terra



Reprodução mapaDireito de imagemNASA
Image captionLocal onde está a cratera conhecida como Chicxulub e é alvo das perfurações

  • O asteroide de 15km de diâmetro fez um buraco de 100km de extensão e 30km de profundidade na crosta terrestre.
  • Na sequência, a área impactada colapsou, e a cratera adquiriu 200km de extensão.
  • O centro da cratera colapsou de novo, produzindo um anel interno.
  • Hoje, grande parte da cratera está enterrada no mar, sob 600m de sedimentos.
  • Nas bordas da cratera, cobertas por calcário, formaram-se várias dolinas - cavidades naturais nas rochas dissolvidas pela passagem da água e que acabaram virando atrações turísticas.


DolinaDireito de imagemMAX ALEXANDER/B612/ASTEROID DAY
Image captionO México se tornou famoso por suas dolinas que se formaram nas bordas da cratera

Pesquisadores hoje têm uma noção melhor da escala da energia liberada pelo impacto do asteroide na Terra - o equivalente a 10 bilhões de bombas atômicas de Hiroshima.
Eles também têm mais conhecimento sobre como a depressão assumiu a estrutura que observamos hoje e como ocorreu o retorno da vida ao local do impacto.
Umas das sequências fascinantes do programa da BBC Two mostra a visita de Alice Roberts a uma pedreira de Nova Jérsei, nos Estados Unidos, onde 25 mil fragmentos de fósseis foram descobertos - uma evidência da morte em massa de criaturas que ocorreu no dia do impacto.
"Todos os fósseis têm uma camada que não tem mais de 10cm de largura", contou a Roberts o palenteologista Ken Lacovara.
"Eles morreram de repente e foram enterrados rapidamente. Isto mostra que foi um momento específico no período geológico. Pode ter durado dias, semanas, talvez meses; mas não milhares de anos ou centenas de milhares de ano. Foi um evento essencialmente instantâneo".


Alice RobertsDireito de imagemBARCROFT PRODUCTIONS/BBC
Image captionAlice Roberts visitou uma pedreira de Nova Jérsei, nos EUA, com o paleontologista Ken Lacovara
Fragmentos em Nova JérseiDireito de imagemBARCROFT PRODUCTIONS/BBC
Image captionParte dos 25 mil fragmentos de fósseis dispostos num grande depósito

segunda-feira, 26 de março de 2018

ONDE ESTÁ A CLASSE TRABALHADORA ?



Sobre liberdade e capitães do mato (por Maister F. da Silva)

Caravana de Lula durante visita IFRS em São Vicente do Sul. Foto: Guilherme Santos/Sul21
Maister F. da Silva (*)
 O Brasil realmente não é para amadores, um país complexo, sua gênese escravista, assassina e sanguinária evoluiu para um conservadorismo arcaico e sem nenhum compromisso com a nação, acostumado a ser sustentáculo e provedor de bem-estar de meia dúzia de barões e capitalistas comprometidos com a política econômica e cultural europeia e norte-americana. No entanto o Brasil conseguiu um feito do qual não devemos nos orgulhar, mas que gera um efeito devastador ainda hoje na construção da identidade de povo enquanto nação, o racismo velado.
O racismo brasileiro é um caso peculiar que tem vencido com a narrativa esdrúxula de democracia racial. O Brasil pós-escravista não enfrentou um racismo institucional como os casos dos EUA e África do Sul, para citar os mais conhecidos. Em outras palavras, não teve no estado capitalista/racista o inimigo claro, tal qual ele é, que elevaria o debate ao extremo e poderia eclodir uma revolta capaz de alterar a correlação de forças no interior do estado. Pelo contrário, venceu a narrativa de que ao fim do sistema escravocrata o negro iria galgar as mesmas posições que o branco, na mesma velocidade, apesar da discriminação racial e do preconceito de cor. Invisibilizou-se com a ajuda da mídia monopolista a verdade dos fatos, que a reprodução da desigualdade racial tem pé no projeto econômico e cultural do estado brasileiro, na submissão do negro como raça a exploração econômica, sujeitos aos piores empregos e acesso limitado ao ensino.
Essa fotografia de democracia racial endossada por alguns dos maiores intelectuais do país durante anos, criou um paralelo exposto agora, no momento em que o fascismo avança no país, um contingente significativo de negros bolsonaristas. Não há nada mais frutífero para o avanço do fascismo do que um povo desinformado e que não se identifica com a luta de seus antepassados. Tenho acompanhado a Caravana do Presidente Lula pelo Estado do Rio Grande do Sul, por mais insignificantes que sejam os atos fascistas dos promotores do ódio, acabei por vivenciar o que os olhos não querem ver, negros saudando a intervenção militar e usando camisetas de Jair Bolsonaro, tal qual os capitães do mato, pouquíssimo ou nenhum prestígio entre a comunidade negra e serviçal do patronato.
Para um negro não há nada mais triste. Ver que hoje no Brasil de seus 518 anos, ainda continuamos a nos dividir, ainda não temos o entendimento coletivo que para o capital seguir nos controlando é necessária essa lógica da exploração, o mito do “todos somos iguais”, inclusive perante a lei…ainda falta uma longa marcha até a liberdade, parafraseando Nelson Mandela.
(*) Militante do Movimento dos Pequenos Agricultores